Festival desperta interessa de moradores da região leste de São Paulo pela literatura

29/10/2011 - 14h20

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Livros espalhados por toda parte: nas praças do bairro, em frente ao mercado municipal, da estação de trem e até em cima das árvores. Todos à espera de alguém disposto a lê-los ou que interessado em dá-los de presente a algum amigo. Esse era o cenário encontrado por moradores de São Miguel Paulista, na região leste de São Paulo, na última quinta-feira (27).

Os livros foram espalhados pelo bairro pela organização de um festival que se propõe a aproximar a literatura de quem moram longe do centro da capital paulista. O Festival do Livro e Literatura de São Miguel ocorre todo ano e buscar estimular a leitura em uma região carente de bibliotecas e lazer.

O evento é uma iniciativa da Fundação Tide Setubal, que promove projetos sociais na região leste de São Paulo. Na sua sexta edição, o festival promove bate-papos com escritores, intervenções artísticas, recitais poéticos e, como todo ano, feiras de livros.

Nelas, qualquer pessoa pode comprar, trocar ou mesmo ganhar um livro. Romances, obras de ficção e até gibis estão à disposição de quem quer dar uma chance à literatura.

“Eu estava passando aqui e vi a feira. Resolvi pegar um livro”, disse a trabalhadora doméstica Elsa Rodrigues Silva, de 43 anos, que deixou a praça em frente à escola em que seus dois filhos de 10 anos estudam com um livro de literatura juvenil debaixo do braço.

Elsa disse que não costuma ler, mas que tem vontade de criar o hábito. Resolveu pegar um livro para crianças para lê-lo junto com seus filhos e, com isso, acostumá-los também à leitura. “Quero começar a ler com eles para que se interessem.”

O estudante Lucas Mendonça da Silva, de 13 anos, já se considera um leitor. Interessado em histórias de aventura, ele aproveitou a feira de livros para trocar 39 gibis já lidos por 39 que ainda não conhecia. “É melhor trocar do que comprar, não é?”, disse enquanto selecionava novos títulos.

Para Tião Soares, idealizador do festival de literatura e coordenador de Cultura da Fundação Tide Setubal, a interação entre os leitores, a literatura e o bairro em que vivem é uma das coisas mais importantes do evento. "O livro está saindo do espaço privado e está se socializando". Segundo ele, por meio das obras, a convivência em São Miguel está mudando, e para melhor.

“Com o contato com os livros, a família muda, as escolas estão diferentes, novos escritores estão surgindo”, ressaltou ele. “O livro muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo.”


Edição: Juliana Andrade