Economista da FGV avalia como boas medidas anunciadas por Patriota, mas desde que o governo “fique nisso”

10/10/2011 - 19h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Para a coordenadora do Centro de Comércio Exterior do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Lia Valls, as medidas de reforço da defesa comercial brasileira, anunciadas hoje (10) pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, são bem-vindas. “É melhor do que você fazer medida protecionista. Você está utilizando o arsenal que existe. Desde que você fique nisso, tudo bem”, disse, em entrevista à Agência Brasil. O desafio brasileiro é o avanço tecnológico, apontou, “para você ter uma pauta mais diversificada”.

Segundo ela, medidas semelhantes são adotadas pelos países desenvolvidos, que têm um comércio externo forte e são grandes participantes do mercado mundial. Observou, porém, que a Organização Mundial do Comércio (OMC) não tem papel de polícia. A entidade estabelece as regras, mas são os países que têm que acionar a OMC para que tome as ações devidas nos casos em que se sintam prejudicados por práticas desleais. Para isso, julgou positiva a decisão de aumentar a equipe de diplomatas encarregados da área de contenciosos do Itamaraty.

Lia Valls analisou que as medidas anunciadas por Patriota são mecanismos importantes no sentido de reforçar a defesa comercial do Brasil. A economista não acredita, contudo, que elas poderão levar ao aumento das exportações brasileiras. “Não é isso que vai fazer aumentar”. Ressaltou que o Brasil terá mecanismos mais ágeis para responder a questões como subsídios do algodão. “Isso faz parte de um pacote de políticas, mas não garante que vai aumentar as exportações. Garante que você não seja deslocado no comércio em situações de práticas desleais”, declarou.

Ela considerou, por outro lado, “extremamente positivo” que o governo decida estreitar o diálogo com o setor empresarial para identificar as principais barreiras à exportação dos produtos nacionais. “Porque o governo não tem como acompanhar isso tudo. Quem tem que falar, que reclamar, é o setor privado que, no fundo, é que sente as consequências das barreiras técnicas ou fitossanitárias”.

A criação de uma força-tarefa para acompanhamento da relação comercial Brasil-China segue, segundo a economista da FGV, uma tendência mundial. “Todo mundo está fazendo isso. E o Brasil tem mais é que fazer”. O problema do Brasil em relação à China, que é atualmente o maior parceiro comercial do país, é uma questão de competitividade, declarou.

 

Edição: Aécio Amado