Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Prêmio Nobel da Paz deste ano será compartilhado por três mulheres africanas. A decisão foi anunciada na manhã de hoje (7) pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo. As vencedoras são a presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a ativista Leymah Gbowee e a jornalista e ativista iemenita Tawakkul Karman.
A escolha deste ano deve ser vista como um forte sinal do comitê do Nobel em favor da luta pela igualdade de direitos entre os gêneros, especialmente no mundo em desenvolvimento. As escolhas do Nobel da Paz nos últimos anos foram cercadas de polêmica.
Johnson-Sirleaf e Gbowee foram escolhidas pela atuação para mobilizar as mulheres liberianas contra a guerra civil no país, enquanto Karman foi premiada por sua luta pelos direitos das mulheres e pela democracia no Iêmen.
Ao anunciar as premiadas, o Comitê Norueguês do Nobel disse que a esperança é que a escolha de Ellen Johnson Sirleaf, Gbowee Leymah e Karman Tawakkul faça com que elas “ajudem a pôr um fim à repressão às mulheres existente em muitos países e a perceber o grande potencial para a democracia e a paz que as mulheres representam”.
O comitê que escolheu as vencedoras deste ano é formado por cinco membros. As três premiadas receberão uma medalha de ouro, um diploma e dividirão 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,7 milhões), em uma cerimônia em Oslo no dia 10 de dezembro. O Nobel da Paz deste ano teve um número recorde de indicações – entre pessoas e instituições foram 241 indicações.
Havia a expectativa de indicações de pessoas relacionadas aos movimento da Primavera Árabe, como os ativistas egípcios Esraa Abdel Fattah e Ahmed Maher - fundadores do Movimento Jovem 6 de Abril.
Também estavam indicados o executivo da Google Wael Ghonim, que ajudou a inspirar os protestos contra o governo na Praça Tahrir, no Cairo, capital egípcia, e a blogueira tunisiana Lina Ben Mhenni, que relatou pela internet os movimentos ocorridos nas cidades da Tunísia. O dissidente cubano Oswaldo Payá, a TV árabe Al Jazeera e a União Europeia eram cotados.
O Nobel da Paz é um dos cinco prêmios criados pelo industrial Alfred Nobel, inventor da dinamite, e o único deles cujo comitê de escolha fica baseado na Noruega. Os demais são entregues na Suécia.
No ano passado, o escolhido foi o ativista chinês Liu Xiaobo, que cumpre pena de 11 anos em prisão domiciliar, na China, por organizar um manifesto pró-democracia. O governo chinês protestou contra a escolha. Segundo as autoridades do país, Liu é um criminoso que violou a lei chinesa. Em 2009, o premiado foi o presidente americano, Barack Obama, que tinha menos de dez meses no cargo.
Obama havia herdado de seu antecessor, o republicano George W. Bush, um país imerso em duas guerras, no Iraque e no Afeganistão, e não conseguiu até hoje cumprir sua promessa de campanha de desativar a prisão da base americana na Baía de Guantanamo, em Cuba, onde teriam sido cometidos abusos aos direitos humanos dos presos, capturados durante a chamada Guerra ao Terror.
*Com informações da BBC Brasil//Edição: Graça Adjuto