Da BBC Brasil
Brasília – Uma semana antes do discurso do presidente palestino, Mahmoud Abbas, na Organização das Nações Unidas (ONU), no qual deverá pedir o reconhecimento internacional do Estado palestino, o Exército israelense e as forças de segurança da Autoridade Palestina intensificam os preparativos para enfrentar possíveis cenários de violência e aumentam os arsenais de armas não letais.
Analistas locais dizem que não se pode prever o que vai acontecer nos territórios palestinos após a fala de Abbas na Assembleia Geral da ONU, mas não descartam a possibilidade de grandes manifestações de civis palestinos, que podem entrar em choque com as tropas e os colonos israelenses.
O Exército israelense vem se preparando, há meses, para a eclosão de protestos após o discurso de Abbas. As tropas israelenses na Cisjordânia se armaram com grandes quantidades de armas não letais, especiais para a dispersão de manifestações.
Israel também desenvolveu novos tipos de armas de dispersão de manifestantes, em especial duas delas, chamadas "gambá" e "o grito". A primeira é uma substância química com um forte cheiro de carne podre. A substância é diluída e lançada por canhões de água contra manifestantes. O cheiro fica impregnado na pele e nas roupas das pessoas atingidas e demora dias para passar.
"O grito" é um tipo de aparelho sonoro que emite um ruído considerado insuportável para o ouvido humano, que faz com que as pessoas queiram se afastar o mais rápido possível da fonte do barulho. Tanto "o grito" como o "gambá" já foram utilizados contra manifestantes na Cisjordânia, que protestam semanalmente contra a construção da barreira israelense nas aldeias de Bilin e Nahalin.
O governo de Israel autorizou a entrega, à Autoridade Palestina, de balas de metal revestidas com borracha, granadas de efeito moral e bombas de gás lacrimogêneo. O objetivo é dar condições para que a polícia palestina impeça que manifestantes se aproximem dos principais pontos de atrito com Israel, como assentamentos, pontos de controle militares e o muro que Israel está erguendo na Cisjordânia para separar as colônias de judeus das áreas palestinas.
As forças de segurança dos dois lados também manifestaram preocupação com eventuais atos de provocação por parte de colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia, o que poderia "atear fogo à região inteira".
Alguns desses grupos, formados por terceiras e quartas gerações de colonos, têm praticado atos dirigidos contra civis palestinos, ativistas de esquerda israelenses ou mesmo contra as tropas israelenses na Cisjordânia.
Nas últimas semanas, grupos cometeram atos de vandalismo em duas mesquitas palestinas na Cisjordânia e na entrada do apartamento de uma das líderes do movimento pacifista israelense Paz Agora, em Jerusalém.