Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Com a participação de representantes de 200 municípios, a 15ª edição do Festival Revelando São Paulo expõe manifestações culturais de todo o estado no Parque do Trote, na zona norte paulistana. Os visitantes têm à disposição 100 espaços de culinária, 160 de artesanato típico e podem assistir a mais de 200 espetáculos de música e danças regionais até o próximo dia 18. A coordenadora do evento, Renata Abreu, ressalta que o objetivo da mostra é proporcionar “o encontro do rural com o urbano” dentro da maior cidade do país.
Para ela, apesar de a capital paulista ser conhecida como uma cidade “cosmopolita”, que abriga pessoas das mais diferentes origens, muitas vezes falta espaço para a cultura tradicional. “A gente desconhece um pouquinho do nosso interior. Então, é uma oportunidade para o paulistano, para o paulista, realmente identificar ali a sua cultura caiçara, piraquara. É uma grande oportunidade de vivenciar e redescobrir esses nossos momentos com o caipira”.
Entre as manifestações culturais que podem ser vistas no festival, está o artesanato quilombola - de comunidades de descendentes de escravos. Uma delas, originária de Cananeia, no litoral sul do estado é formada de bonecas de pano e colares de conchas com sementes. Irene Mandira acredita que a mostra é uma boa oportunidade de apresentar os produtos que complementam a renda do seu povoado.
A costura sempre foi uma tradição na família de Irene. Ela conta, entretanto, que desde 2003 a comunidade passou a usar máquinas de costura para ampliar a produção em escala comercial. “Uma coisa que à mão leva muito tempo, à máquina é bem rápido”, destaca. Irene diz que as peças despertam o interesse dos turistas e paulistas da cidade e lembra que a maior parte da renda do quilombo vem da produção de ostras.
A comercialização não é mesmo o foco principal do festival, segundo Renata Abreu. “A gente tem muito mais a intenção de fomentar a cultura do que simplesmente a venda”, ressalta. Na parte de culinária, explica, além do comércio, há o estímulo para que o visitante conheça o modo de produção e as histórias envolvendo aqueles alimentos.
O restaurante de Vagner do Espírito Santo, por exemplo, começou com um incentivo do festival. Ele relata que já tinha um estabelecimento, onde funcionava uma fábrica de chocolates e uma loja de artesanato, quando participou da primeira edição da mostra. Depois de participar, os parentes resolveram levar a comida tropeira, cotidiana nos almoços com os pais e primos. “A comida saiu de casa para o Revelando. E depois que deu certo aqui, a gente abriu o restaurante lá [em Piquete, SP]”.
A cidade onde Vagner vive fica, segundo sua própria indicação a quem pergunta, a caminho do Rio de Janeiro, depois de Aparecida do Norte. Lugar com atrativos naturais, como rios e cachoeiras, mas com turismo ainda tímido. “É turista que fica um dia só, passando”, comenta. Ele tenta mudar essa situação com a divulgação na capital do estado. “Todo esse material que a gente vende lá, traz para o Revelando, para divulgar a cidade, a culinária e os artesãos”.
Edição: Graça Adjuto