Comissão da Alerj reclama da ausência do Exército em algumas áreas do Alemão

09/09/2011 - 13h28

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Comissão Permanente de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) discordou hoje (9) da exclusão dos morros do Adeus e da Baiana do acordo firmado entre o governo do estado e o Exército para o processo de pacificação. Essas comunidades, no Complexo do Alemão, zona norte da cidade – onde foram registrados confrontos entre policiais e traficantes na noite de terça-feira (6) –, não recebem o patrulhamento desses militares. A comissão reuniu-se com representantes da Força de Pacificação e o deputado Zaqueu Teixeira (PT) visitou algumas ruas do bairro pela manhã.

O presidente da comissão disse que os parlamentares foram pegos de surpresa ao saber que essas duas comunidades não foram incluídas no processo de pacificação, por determinação do governo do estado. Para ele, as comunidades têm tamanho relativamente pequeno. "Não podemos ter pontos vulneráveis. Se quisermos a pacificação, não podemos permitir que haja flancos e que traficantes se aproveitem desses flancos e coloquem em xeque um programa que a sociedade está aplaudindo, mas que a comunidade desconfia em razão de ser algo novo”, disse Zaqueu Teixeira.

A comissão encontrou ruas movimentadas, comércio aberto, caminhões de entrega entrando e saindo das favelas e idosos jogando cartas ao ar livre. As revistas de bolsas e automóveis continuavam nesta manhã nos principais acessos das comunidades do complexo. Apesar do clima de tranquilidade, moradores abordados pela Agência Brasil recusavam-se a falar a respeito da situação na região. Apenas uma senhora que não se identificou criticou a falta de investimentos em infraestrutura nos morros, o que favorece a presença do tráfico na região.

“Enquanto faltar gás, luz, faltar o básico aqui, o tráfico vai aproveitar e ganhar dinheiro com o povo”, disse a moradora, indignada, sem interromper seu trajeto enquanto falava.

Zaqueu Teixeira defendeu que a antecipação das instalações de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na Penha é fundamental, pois a pacificação só será consolidada com a presença do policiamento comunitário. A previsão, segundo a Secretaria de Segurança do Rio, é que em março de 2012 seja implantada a primeira unidade na região. O planejamento, até então, era para junho.

O presidente da comissão informou que a cada quinze dias os deputados vão visitar uma comunidade pacificada para verificar a atuação da polícia e dos órgãos públicos presentes. “Vamos tentar ver como estão os serviços públicos, se os equipamentos sociais estão entrando efetivamente nessas comunidades. E tentaremos verificar falhas e cobrar das autoridades, para tentar consolidar essa política de segurança.”

A primeira comunidade a ser visitada pela comissão será a Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, a primeira favela pacificada na cidade, em 2008. No total, 17 comunidades foram pacificadas até agora no Rio.

Edição: Talita Cavalcante