Da BBC Brasil
Brasília – O Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT) obteve hoje (1º) a promessa de um grupo de "países amigos" de que cerca de US$ 15 bilhões em bens do regime do coronel Muammar Khadafi serão desbloqueados "o mais rápido possível" para ajudar na reconstrução do país.
A decisão foi tomada pelos representantes de 63 países e organizações internacionais que participaram da Conferência Internacional de Apoio à Nova Líbia, realizada em Paris.
Além do apoio econômico, o CNT também recebeu a garantia de que a ajuda militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) irá continuar até que Khadafi seja capturado.
"Enquanto Khadafi for uma ameaça, os ataques continuarão", declarou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, após o encontro.
Sarkozy disse esperar que a recente intervenção, na Costa do Marfim e na Líbia, seja o início de uma política que "coloque a força militar ao serviço das populações que correm risco" nas mãos de seus próprios governantes, ressaltando que isso sempre deve ser feito com a autorização da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em contrapartida, o novo "grupo de amigos" da Líbia pediu que o CNT inicie um processo de reconciliação e perdão, para ajudar na reconstrução do país.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que irá trabalhar junto com o Conselho para organizar o envio, em breve, de uma missão de ajuda humanitária ao país. "Todos concordamos em dizer que a comunidade internacional deve trabalhar junta na reconstrução do país", disse.
Durante o encontro, o líder do CNT, Moustafa Abdel Jalil, apresentou seus planos para formar um governo “interino e democrático”, que garantirá, segundo ele, "os direitos humanos, a liberdade e a justiça."
Jalil agradeceu o apoio das nações presentes na reunião e garantiu que os responsáveis "por violações graves dos direitos humanos em seu país, serão levados à Justiça" e receberão um tratamento justo.
O Brasil foi representado na reunião por seu embaixador no Egito, Cesário Melantonio Neto, que deixou o encontro sem falar com os jornalistas.
Em comunicado divulgado pela embaixada brasileira na França, o governo diz que o "Brasil está ao lado do povo líbio em suas aspirações por liberdade e democracia".
No entanto, o país voltou a defender o "Conselho de Segurança da ONU como instância primordial para o tratamento de questões de paz e segurança."
A posição do Brasil é a mesma desde as discussões sobre a adoção da Resolução 1973, que autorizou os bombardeios da Otan sobre Líbia. Na época, o Brasil se absteve durante a votação.
Perguntado sobre as rixas dentro do Conselho de Segurança durante a aprovação da Resolução 1973, Sarkozy lembrou que o Brasil, assim como a China, Rússia e Índia, tinham enviado representantes à reunião desta quinta-feira em Paris.
"As coisas estão progredindo", disse o presidente francês. "A Líbia precisa do mundo todo", completou.