BBC Brasil
Brasília - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse ontem (21) à noite que o líder da Líbia, Muammar Khadafi, deve reconhecer, que depois de 42 anos no poder, seu governo chegou ao fim. "Khadafi precisa reconhecer a realidade de que ele não controla mais a Líbia", disse Obama, em um comunicado. "Ele precisa abandonar o poder de uma vez por todas."
Obama anunciou que o governo norte-americano reconhece o Conselho Nacional de Transição – controlado pela oposição – como autoridade de governo legítima da Líbia. Além de Obama, vários líderes mundiais apelaram para que Khadafi deixe o poder imediatamente. A França, a Alemanha, a Grã-Bretanha e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) manifestaram-se em apoio à oposição.
Segundo Obama, os rebeldes devem demonstrar liderança necessária para conduzir o país, com respeito aos direitos do povo líbio, evitando a violência contra civis, protegendo as instituições do Estado líbio e buscando uma democracia que seja justa e inclusiva para todos os líbios.
Horas antes, as forças rebeldes tomaram uma praça no centro da capital líbia, Trípoli. O regime de Khadafi confirmou a ação da oposição. Segundo autoridades do governo, cerca de 1,3 mil pessoas foram mortas em confrontos na capital nas últimas 24 horas.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, disse que o regime de Khadafi está desmoronando e que o líder precisa admitir que não tem como vencer essa guerra.
“O regime de Muammar Khadafi está claramente desmoronando. O quanto antes ele perceber que ele não pode vencer essa batalha contra seu próprio povo, melhor. Porque assim o povo líbio não precisa continuar a enfrentar mais derramamento de sangue e sofrimento”, disse Rasmussen.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também intensificou a pressão internacional sobre o regime líbio. "Venho dizendo isso já faz um tempo: Khadafi perdeu sua legitimidade e seria bom se ele deixasse o poder o quanto antes, assim poderíamos evitar mais mortes”, disse ela. “Os rebeldes fizeram grandes avanços. A Alemanha trabalha com o grupo de transição da Líbia e já abrimos uma representação [diplomática] em Benghazi. Vamos continuar a apoiar o povo líbio.”
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, também pediu que Khadafi poupasse a população, deixando o governo imediatamente. “A França apoia totalmente a libertação da Líbia desse regime opressivo e ditatorial.”
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que interrompeu suas férias na região da Cornualha, para retornar a Londres, afirmou que "é claro pelas cenas que estamos assistindo em Trípoli que o fim está próximo para Khadafi". "Ele cometeu crimes terríveis contra o povo da Líbia e precisa sair já para evitar mais sofrimento de seu próprio povo", disse.
Uma das poucas vozes de apoio a Khadafi veio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "Hoje estamos vendo imagens de como os governos democráticos europeus e o supostamente democrático governo dos Estados Unidos estão praticamente demolindo Trípoli com suas bombas", disse.
"Hoje eles jogaram não sei quantas bombas e eles as estão jogando indiscriminadamente e abertamente sobre escolas, hospitais, casas, negócios, fábricas, fazendas. Pedimos a Deus para trazer paz ao povo líbio e ao povo do mundo", disse.