Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Brasil registra cerca de 40 mil mortes decorrentes de acidentes de trânsito por ano e ocupa a quinta posição no ranking de países que registram mais óbitos. Além disso, mais de 400 mil brasileiros que sobreviveram a esses acidentes tiveram sequelas. Para reduzir esses números, foi aprovado o Plano Nacional de Redução de Acidentes e de Segurança Viária, que deve entrar em vigor em setembro. Hoje (18) o plano foi apresentado (18) ao presidente da Fundação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, e à embaixadora mundial das Ações de Prevenção e Segurança no Trânsito, Michele Yeoh, que estão no Brasil para conhecer as ações que visam a reduzir o número de vítimas no trânsito.
Jean Todt elogiou iniciativas como a Lei Seca, que fiscaliza e pune motoristas que dirigem após ingerir bebida alcoólica, mas lamentou o alto número de mortes, que, segundo ele, vem diminuindo em vários países e aumentando no Brasil ao longo dos anos. “Estive ontem em uma ação da Lei Seca e fiquei muito bem impressionado. Mas o Brasil é um dos piores países em acidentes de trânsito, onde o número de vítimas tem se multiplicado ao longo dos anos. O momento de agir é agora”, disse, ao destacar a importância de investimentos em infraestrutura e educação, assim como de punições mais severas.
Michele Yeoh defendeu a educação como a melhor ferramenta no combate à violência no trânsito. “A educação deve começar desde cedo. Trata-se de uma ação de prevenção de longo prazo. As crianças, quando aprendem, não esquecem e elas podem ensinar os adultos.”
Em 2008, morreram no país 38.273 pessoas em acidentes de trânsito, 10 mil a mais do que no ano 2000. De acordo com o deputado federal Hugo Leal (PSC-RJ), autor do projeto que originou a Lei Seca (Lei 11.705), com a implementação do novo plano, a questão do trânsito será tratada como política pública e será possível combater o problema com mais eficácia.
“O plano prevê a responsabilização de cada ente governamental. Identificar se determinado acidente aconteceu por falta de sinalização, falta de manutenção da via, e responsabilizar as autoridades pelo acidente, que cada um faça a sua parte. Além disso, é importante ter qualidade de estatística referenciada para a questão do trânsito e estabelecer metas, com punição”, disse o deputado, que lembrou que os recursos oriundos de multas e impostos de trânsitos não estão sendo aplicados de maneira eficiente na prevenção de acidentes.
“O trânsito é gerador de receita e, se [os recursos] forem gastos recursos de forma eficiente na redução do número de mortes no trânsito, conseguiremos alcançar a meta de diminuir em 50% o número de acidentes até 2020 como recomenda as Nações Unidas”, completou o deputado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca 1,3 milhão de pessoas morrem anualmente no trânsito e cerca de 50 milhões sobrevivem com sequelas. Por ano, os prejuízos gerados com acidentes de trânsito se aproximam de US$ 518 bilhões em todo o mundo e de R$ 30 bilhões no Brasil. Na conta são incluídas despesas médicas, com seguros e indenizações e perda de mão de obra. O Ministério da Saúde registrou em 2010 cerca de 146 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) em decorrências realizadas de acidentes de trânsito.
Edição: Juliana Andrade