Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Mesmo pressionado, o ministro do Turismo, Pedro Novais, afirmou hoje (17) que não vai deixar o cargo. “Só existem três formas de eu sair do ministério: se a presidenta Dilma Rousseff quiser, se eu deixar de ter apoio do meu partido [PMDB] ou se eu adoecer”, anunciou durante depoimento na Câmara dos Deputados, em reunião conjunta das comissões de Turismo e Desportos, Defesa do Consumidor e Comissão de Fiscalização e Controle.
Novais foi convidado a falar sobre as denúncias de corrupção em sua pasta que culminaram na Operação Voucher, da Polícia Federal. Foram presas 35 pessoas, na semana passada, incluindo o secretário executivo do ministério, Frederico Silva da Costa, que pediu demissão ontem (16).
Novais negou que tenha recebido uma “herança maldita” do então ministro Luiz Barreto. “Recebi um ministério administrado por pessoas, entes humanos e falhos. Estou procurando fazer corretamente. Não estou para condenar, nem perdoar. Estou para cumprir o meu dever e cumprirei”.
O ministro garantiu que não sabia dos esquemas de desvios de verbas dentro da pasta. Mesmo com pessoas de confiança sendo investigadas por corrupção, Novais disse que não se sente traído, nem enganado. “Estou apenas tomando as providências cabíveis após o conhecimento do fato. Posso ter todos os defeitos, menos fazer papel de bobo.”
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) se disse “indignado” com a postura do ministro em relação ao secretário executivo da pasta. “A postura de Vossa Excelência beira a conivência. Não é possível que, diante de tudo que foi dito sobre Frederico, o senhor permaneça inerte. O senhor deveria respeitar o dinheiro público”, disse Sampaio ao ministro.
Apesar de ter pedido demissão ontem, Costa ainda não foi oficialmente desligado do cargo. De acordo com Novais, o Ministério do Turismo está passando por mudanças. Os sete funcionários da pasta investigados por participação em um esquema de desvio de verbas foram afastados e serão exonerados. “Não tem nenhum que tenha voltado ao ministério depois do dia 9. Estou trocando [os funcionários], mas não posso fazer isso de uma vez.”
Atualmente, há 170 servidores comissionados no Ministério do Turismo. O ministro disse que, aos poucos, vai renovar o quadro de funcionários. Nas próximas semanas, 56 pessoas que foram selecionadas em concurso público vão tomar posse. “Vou trocar o máximo de pessoas que eu puder. Vou fazer um intercâmbio de pessoas no ministério para garantir uma boa gestão da máquina.”
Novais disse ainda que não demitirá o assessor de Controle Interno do Ministério do Turismo, Ricardo Cardoso dos Santos, pois não tem motivos para desconfiar dele. O assessor recebeu, em maio, um documento do Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo informações sobre um convênio firmado pelo ministério.
Edição: Lana Cristina