Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Médicos credenciados de 12 operadoras de saúde anunciaram hoje (10) que vão suspender o atendimento eletivo aos usuários dos planos de saúde de São Paulo, a partir do dia 1º de setembro. O atendimento será feito em regime de rodízio de especialidades, com cada uma sendo paralisada por três dias.
A informação é da Comissão Estadual de Mobilização Médica para a Saúde Suplementar, formada pela Associação Paulista de Medicina (APM), pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e pelo Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp).
A paralisação vai atingir usuários das seguintes operadoras: Ameplan, Assefaz, Cetesb, Companhia de Engenharia de Tráfego, Green Line, Intermédica, Mediservice, Notredame, Porto Seguro, Prosaude, Vale e Volkswagen.
Segundo a comissão, a suspensão é justificada pelo fato de as operadoras não terem respondido aos pedidos dos médicos. Outras três operadoras enviaram propostas que estão sendo analisadas e 18 planos já estão em negociação com os médicos. As propostas ainda estão em análise porque não atendem às reivindicações dos profissionais.
Em setembro, as especialidades que entram no rodízio são ginecologia e obstetrícia, otorrinolaringologia, pediatria, ortopedia e traumatologia, pneumologia e tisiologia e cirurgia plástica, nessa ordem. O serviço de emergência não será interrompido.
De acordo com o presidente da APM, Jorge Curi, no estado de São Paulo, há 497 empresas que atendem a 18,4 milhões de usuários, dos quais 6,7 milhões estão na capital e 3,2 milhões são atendidos pelos planos que paralisarão os serviços. “A sugestão para os pacientes é a de evitar agendar consultas e procedimentos nas datas do cronograma de paralisação. Qualquer urgência deve ser atendida e o paciente deve cobrar. Nós estamos abertos a qualquer demanda desse tipo e os órgãos de defesa do consumidor também”.
Curi ressaltou que os médicos não querem prejudicar os usuários e sim ajudar, já que, há algum tempo, os médicos vêm reclamando que as operadoras limitam o atendimento ao paciente, limitando o número de consultas, proibindo exames, internações, cirurgias, medicamentos e tratamentos. “Na área de saúde pública e complementar, tem acontecido coisas muito graves, que prejudicam a vida dos pacientes. Isso não pode ficar sendo postergado como uma agenda secundária. Deve ser interpretado dessa forma pelos pacientes e nós estamos pedindo efetividade nas resoluções”.
Os médicos reivindicam aumento nos valores dos honorários repassados pelos planos. Para consultas, o valor pedido é R$ 80. O valor atual pago pelos planos de saúde oscila de R$ 25 a R$ 40. Outra reivindicação é que as operadoras incorporem na lista de cobertura os novos procedimentos estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde (ANS). “Há outro ponto que é o contrato. Nós não podemos todos os anos provocar essa tensão na assistência. É preciso um contrato que preveja, anualmente, a revisão dos valores pré-estabelecidos”.
No dia 21 de setembro, as entidades médicas farão uma paralisação em todo o país. Curi disse que o movimento já ganhou o território nacional, mas que a participação de São Paulo acaba sendo decisiva para outros estados. “A maior parte das operadoras grandes, médicos e especialistas e até as prestações de serviço hospitalar estão em São Paulo”. O cronograma de paralisações de outubro será divulgado no final do próximo mês.
Edição: Lana Cristina