Da Agência Brasil
Brasília – Estádios em que serão realizados jogos da Copa do Mundo de 2014 só terão condições de ser usados em competições nacionais depois de seis ou oito meses do final do Mundial. A observação foi feita pelo tenente-coronel do 2º Batalhão de Polícia de Choque de São Paulo, Carlos Savioli, hoje (9), em audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados.
Segundo Savioli, o prazo será necessário para que a infraestrutura dos estádios seja readequada à realidade local. O motivo dessa espécie de quarentena foi tema do debate na audiência: a violência das torcidas em jogos de futebol. "Os estádios terão que atender às normas da Fifa [Federação Internacional de Futebol], que excluem o uso de alambrados e visam a que os torcedores tenham direito a uma distância muito pequena das linhas laterais, normas que não podem ser adotadas no país, por conta do alto grau de violência que ainda temos", disse o tenente-coronel.
Um exemplo, de acordo com Savioli, é o estádio do Sport Club Corinthians Paulista, que está em fase de construção na zona leste de São Paulo, e que, após o Mundial, certamente terá que passar por uma readequação.
O promotor de Justiça Pedro Rubim Borges, do Rio de Janeiro, disse que, em seu estado, a Justiça está procurando manter um diálogo constante com as torcidas organizadas no intuito de não ter de expulsar membros tidos como maus torcedores. "Existem os bons e maus torcedores, isso em todas as torcidas. E o papel da Justiça é separar o joio do trigo", disse.
O deputado Romário (PSB-RJ) lembrou do termo de ajustamento de conduta (TAC), que visa a um acordo com torcidas organizadas, na tentativa de diminuir a violência registrada nos jogos de futebol no país. E, a respeito das torcidas organizadas, o deputado Acelino Popó (PRB-BA) destacou o vínculo existente entre os clubes e as diversas torcidas. "Essa relação deve ter um resultado no qual os clubes também devem ser responsabilizados por atos de violência cometidos por sua torcida".
Já para Savioli, nos casos de violência envolvendo torcidas organizadas, o mau torcedor é quem deve ser punido e não a diretoria da entidade. "Muitas vezes, o vândalo não tem nenhuma ligação com a diretoria”.
O assessor especial de Futebol do Ministério do Esporte, Sergio Velloso, citou como exemplo de ações em prol da segurança nos estádios a instalação de câmeras nas unidades com capacidade acima de 10 mil torcedores. "Essa ação será feita primeiramente nos estádios com maior índice de violência e, somado a isso, o ministério fez uma parceria com a Fundação Getulio Vargas para que ela faça um guia, que irá auxiliar na construção de novos estádios em quesitos de segurança e infraestrutura".
Edição: Lana Cristina