Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado e autor do requerimento de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes, terá que correr contra o tempo se não quiser ver arquivado o pedido. Ontem (2), quando foi alcançado o número mínimo de 27 assinaturas para instalar a CPI, o Álvaro Dias fez a comunicação em plenário, o que deu início à tramitação da matéria, uma vez que foi encaminhada pelo presidente da sessão, Wilson Santiago (PMDB-PB), à Secretaria-Geral da Mesa Diretora para analisar se o requerimento preenche os requisitos constitucionais e regimentais.
Com a pressão imposta pela base governista e pelos ministros, segundo Álvaro Dias, os senadores João Durval Carneiro (PDT-BA) e Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) retiraram as assinaturas. Com isso, a partir da abertura da sessão plenária de hoje, qualquer líder da base poderá pedir ao presidente da Mesa que comunique a improcedência e o arquivamento da matéria. A secretária-geral da Mesa Diretora, Claudia Lyra, disse que comunicará hoje ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a falta de respaldo regimental e constitucional para a instalação dos trabalhos da comissão, o que embasará o presidente da sessão a arquivar a matéria.
Enquanto esses procedimentos burocráticos não forem formalizados, as 25 assinaturas ainda continuam valendo. Arquivado o pedido, o líder tucano terá que começar novamente a coleta de assinaturas se quiser instalar a CPI. Ou seja, se não quiser correr riscos, Álvaro Dias terá que conseguir pelo menos dois apoios até as 14 horas, e comunicar ao presidente da sessão. Assim, na busca por assinaturas, ele pretende se concentrar em conseguir o apoio do grupo independente de senadores do PMDB. No total de oito parlamentares, três peemedebistas já assinaram a lista: Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) e Roberto Requião (PR). Porém, Álvaro Dias reconhece a dificuldade de obter as duas assinaturas que faltam.
"A forma com que o governo atuou ontem para retirada das assinaturas desmente a tese de que o instrumento da CPI virou balela. Mostra também que essa história da presidente Dilma [Rousseff] dizer que vai fazer uma faxina no governo não procede. O que ela faz é blindar os protagonistas da corrupção nos Transportes que estão fora da esfera do PR", afirmou o líder do PSDB. Ele qualificou como "desrespeito e degradante" a atuação do governo para que senadores da base retirassem assinaturas do requerimento.
Edição: Talita Cavalcante//Matéria alterada às 11h38 para corrigir informação.