Indicadores relativos a emprego e gastos com pessoal sobem na indústria brasileira em 2009

29/06/2011 - 11h18

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Os dados relativos à atividade industrial, registrados em 2009, mostraram resultados inferiores aos apurados em 2008, em função da conjuntura desfavorável, reforçam as pesquisas industriais anuais PIA-empresa e PIA-Produto, divulgadas hoje (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As exceções foram os indicadores referentes a emprego e a gastos com pessoal.

A crise financeira internacional, que estourou no fim de 2008, provocou um recuo na atividade industrial no Brasil. “As empresas adiaram projetos, promoveram paralisações. O primeiro semestre de 2009 foi bastante severo com as empresas industriais”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o coordenador de Indústria do IBGE, Flavio Naghele. Ao longo do ano, entretanto, iniciou-se um processo de recuperação que não foi, contudo, suficiente para reverter o quadro de retração que havia se instalado no setor.

Os números mostram que, embora o universo de empresas tenha caído de 309 mil, em 2008, para 299 mil unidades, em 2009, o total de pessoal ocupado elevou-se de 7,840 milhões para 7,894 milhões, com média de 26 pessoas ocupadas por empresa. Em 2008, a média era 25 pessoas. Do mesmo modo, os gastos com pessoal subiram de R$ 225,660 bilhões para R$ 240,434 bilhões, revelando o efeito do reajuste do salário mínimo.

Os dados mostram que as indústrias mais tradicionais, voltadas para o mercado interno, se destacaram em termos de ganhos de participação nas variáveis econômicas e também pelo número de postos de trabalho, destacou Naghele. Entre elas estão as indústrias de alimentos, bebidas, vestuário e produtos farmacêuticos. “Essas atividades que fabricam produtos associados a bens de consumo foram as que ganharam mais participação”. Ele disse que o dinamismo do mercado interno, com o aumento da massa salarial e dos postos de trabalho, puxou o bom desempenho dessas atividades.

Outras indústrias, produtoras de bens intermediários e de bens de capital, influenciadas pelos preços internacionais, como os setores de siderurgia, metalurgia e petroquímica, tiveram perda de participação na receita bruta industrial. Segundo o pesquisador, essas atividades continuam sendo importantes. “Mas, dada a conjuntura específica do ano de 2009, com os preços internacionais e a demanda externa em baixa, todas as indústrias que tinham os produtos voltados para a exportação sofreram essa redução de participação.” Em 2009, a receita bruta total da indústria atingiu R$ 2,316 trilhões, contra R$ 2,402 trilhões em 2008.

De acordo com a  pesquisa, as empresas de maior porte, de 500 empregados ou mais, sustentaram a maior faixa em termos de valor da transformação e da receita. “Essas empresas são mais diversificadas e até em termos de receita bruta, por exemplo, não são tão dependentes da receita de venda de seus produtos. Elas têm outras fontes de receita”. A participação percentual das demais receitas no total da receita bruta da indústria elevou-se em todas as faixas de pessoal ocupado, com destaque para as empresas com mais de 500 pessoas ocupadas (de 11,3% em 2008, para 12,8% em 2009).

O ano de 2009 foi marcado por queda no valor das vendas das indústrias, porque as empresas acabaram produzindo menos, devido às paralisações registradas no início do ano e à redução da demanda por produtos. A receita líquida de vendas foi de  R$ 1,670 trilhão, em 2009, contra R$ 1,759 trilhão no ano anterior.

O total de investimentos das indústrias para o ativo imobilizado somou R$ 132,632 bilhões em 2009, com redução ante os investimentos de R$ 137,810 bilhões, realizados em 2008, em função da conjuntura internacional.

Edição: Graça Adjuto