Da Agência Brasil
Brasília – França e Brasil iniciaram hoje (28) um encontro para compartilhar experiências e apresentar políticas com foco no uso e tratamento da água e o desenvolvimento, principalmente quanto à questão da saúde. Representantes dos governos dos dois países e especialistas estão em Brasília até a próxima quinta-feira (30) no 1º Seminário Franco-Brasileiro sobre Saúde Ambiental, que resultará em uma publicação com recomendações de políticas bilaterais para cooperação entre o Brasil e a França na tentativa de solucionar problemas relacionados à gestão da água.
“A água é uma questão global e precisa de políticas globais”, afirmou o embaixador da França no Brasil, Yves Saint Geours. O evento é organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Embaixada da França e tem por objetivo preparar discussões para o Fórum Mundial sobre a Água, em Marselha, na França, e a Conferência Rio+20 (a conferência das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável), que ocorrerão em para 2012.
O direito à água está entre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU), que prevê a redução à metade da população que não tem acesso à água potável e aos serviços de saneamento básico até 2015. Na França, a cobertura já é aproximadamente de 100%, enquanto, no Brasil, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada em 2008, indica que apenas 55,2% dos municípios prestam o serviço de coleta de esgoto e só um terço faz o tratamento dos dejetos.
Geours disse que a parceria entre os dois países é importante para a elaboração de políticas conjuntas de promoção do direito universal à água e ao saneamento básico e de gestão da água. Para o embaixador, o Brasil está comprometido com as questões do milênio. “O Brasil tem políticas públicas de atenção à água muito fortes e que podem contribuir para atingir os Objetivos do Milênio”, disse.
De acordo com André Fenner, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, a França e o Brasil vão apresentar no seminário políticas sociais referentes à água, à saúde e ao desenvolvimento. “A intenção é buscar soluções para a poluição da água, impactos da água na saúde humana, acesso à água e ao saneamento e questões mundiais referentes à água”, explicou.
Segundo a adida de Cooperação da Embaixada da França, Marina Felli, os dois países enfrentam problemas diferentes no que diz respeito à questão da água, mas existem pontos de convergência, como a disparidade entre o acesso à água e à rede de saneamento nos meios urbano e rural. “O maior problema de água enfrentado pela França é a poluição vinda das indústrias, enquanto, no Brasil, é a falta de tratamento do esgoto e a poluição pelos resíduos sólidos”, exemplificou.
Nos três dias de seminário, serão discutidas questões como as consequências da poluição nos meios aquáticos, tanto no meio urbano como no rural; a falta de infraestrutura de tratamento das fontes de água; a persistência da transmissão de doenças vetores, como malária, dengue, esquistossomose, leptospirose e filariose; e o aumento da mortalidade devido a doenças ligadas à falta de tratamento da água.
Edição: Lana Cristina