Aumento do custo de vida eleva dívida das famílias, diz CNC

16/06/2011 - 16h56

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O aumento do custo de vida pressionou o orçamento dos brasileiros e levou as famílias a contraírem mais dívidas. De acordo com a pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada hoje (16) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o nível de endividamento dos brasileiros vem subindo há alguns meses e atingiu um patamar elevado no início deste ano.

A economista da CNC Marianne Hanson disse que o endividamento foi motivado pela vontade do consumidor de “fechar as contas e, não para comprar mais bens”. Isto explica a elevação de dez pontos percentuais no número de famílias endividadas em junho em comparação com o mesmo mês do ano passado (64,1% do total de famílias, contra 54% em junho de 2010). Já em relação ao mês anterior (64,2%), a pesquisa registrou estabilidade.

As famílias muito endividadas subiram de 12,9% em junho do ano passado para 16,6% em junho deste ano. Em maio, o percentual era de 17,5%.

O percentual de famílias que declararam ter dívidas ou contas em atraso caiu de 24,4% em maio para 23,3% em junho, aproximando-se do dado de junho de 2010 (23,5%). Do mesmo modo, apresentou redução o percentual de famílias que disseram que não terão condições de pagar as dívidas (de 8,6% em maio para 8,4% em junho).

Considerando as faixas de renda, a pesquisa da CNC mostra que quem recebe abaixo de dez salários mínimos, ficou mais endividado do que aqueles que ganham mais. Os percentuais registrados em junho ante maio atingiram, respectivamente, 65,6% e 55,3% para as duas classes de renda.

”A gente acredita que nessa faixa de renda inferior a dez mínimos, as famílias têm mais dificuldade de se organizar financeiramente. Por isso, recorrem mais ao crédito, para ampliar o seu poder de consumo”, disse Marianne.

O uso de cartão de crédito foi apontado por 73,8% das famílias como o principal meio de endividamento. Tanto para os consumidores mais pobres (73,8%) como os mais ricos (75,3%). Em junho de 2010, o percentual foi de 71,6%. O aumento é explicado pela disseminação do instrumento de crédito no país, pela maior variedade do produto ofertado no mercado e pela facilidade no uso. “É uma modalidade muito fácil de crédito”, disse Marianne. O segundo maior meio são os carnês, indicados por 19,9% das famílias.

Marianne disse que embora a inadimplência tenha dado uma trégua em junho, a percepção é que “o alívio é temporário. Porque os fatores que estão condicionando uma alta na inadimplência ainda continuam”. Segundo a economista, a deterioração das condições de crédito, o aumento do custo e dos prazos do crédito e até mesmo um crescimento menor da renda indicam que a inadimplência ainda pode subir mais. “Mas não será uma alta expressiva”.

 

Edição: Rivadavia Severo