Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) defenderam hoje (14) o fim do sigilo eterno de documentos oficiais. O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, lamentou que a presidenta Dilma Rousseff tenha decidido apoiar a proposta para que os documentos ultrassecretos tenham sigilo renovado de forma ilimitada.
"Lamento que o recuo de Dilma esteja ocorrendo em razão de pressões pessoais por parte dos ex-presidentes da República [e atuais senadores] José Sarney [PMDB-AP] e Fernando Collor de Melo [PTB-AL], que não querem revelar documentos secretos de seus mandatos", afirmou Ophir. Para ele, “interesses particulares não podem se sobrepor à vontade da sociedade”.
O presidente da Ajufe, Gabriel Wedy, também se posicionou contra a tese do sigilo eterno, dizendo que o cidadão brasileiro tem o direito de conhecer a história de seu país. “Está previsto na nossa Constituição que o Poder Público tem a obrigação de dar publicidade a seus atos”, lembrou Wedy, ressaltando que mais de 90 países já têm legislação que regulamento o acesso a informações públicas.
Em 2009, o projeto que trata do acesso à informação pública foi enviado ao Congresso Nacional pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou uma mudança no texto, limitando a renovação do prazo de sigilo de documentos supersecretos a apenas uma vez. Assim, 50 anos seria o prazo máximo para um documento permanecer sigiloso.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou ontem (13) que iria retirar o regime de urgência do projeto, permitindo que ele seja analisado por mais tempo.
Edição: Nádia Franco