Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Adriano*, 15 anos, sai cedo de casa, na Cidade Estrutural (cidade-satélite de Brasília), onde mora com os irmãos e a mãe, para vender jujuba em um sinal de trânsito todo fim de semana. Para poder estudar, ele só trabalha aos sábados e domingos. O menino cursa a 7ª série.
Adriano e um dos seus seis irmãos vendem as jujubas. Ele conta que seu pai morreu em 2004 e desde então começou a trabalhar, primeiro catando latinhas e depois vendendo os doces. O garoto afirma que trabalhar foi uma opção dele e que nunca foi forçado pela mãe ou pelos irmãos mais velhos.
“Estou aqui trabalhando porque quero. Estou aqui para ajudar a minha família. Eu poderia estar roubando ou coisa do tipo, mas estou trabalhando. Vendendo as minhas jujubas eu consigo ganhar mais dinheiro do que se eu estivesse trabalhando em outro lugar “.
Adriano contou que chega a ganhar R$ 600 por fim de semana e com esse dinheiro já ajudou a mãe a pagar uma televisão e comprou um celular. Ele disse que poderia estar fazendo um estágio por meio do Centro Salesiano do Adolescente Trabalhador, mas optou por vender os doces no sinal porque consegue mais dinheiro. “Não estou roubando nem fazendo nada de errado, estou trabalhando, ganhando meu dinheiro honestamente”, afirmou.
O menino faz parte do contingente de 4,3 milhões de crianças e adolescentes que trabalham no Brasil, a maioria garotos. No mundo, são mais de 200 milhões de meninos e meninas entre 5 e 17 anos que fazem algum tipo de trabalho.
No Dia Mundial de Luta contra o Trabalho Infantil, comemorado hoje (12), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) quer chamar a atenção para o trabalho infantil perigoso, no qual estão inseridas mais de 110 milhões de crianças em todos os países. A OIT considera como trabalho perigoso toda atividade que possa trazer algum risco à saúde ou à integridade física e moral da criança e do adolescente.
* O nome é fictício//Edição: Graça Adjuto