Bombeiros fazem manifestação no Rio e recebem apoio na luta por reajuste salarial

12/06/2011 - 12h54

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Os bombeiros do Rio fazem neste domingo (12) uma passeata na Praia de Copacabana para reivindicar melhores salários. A manifestação conta com apoio da população carioca e de bombeiros de outros estados e de países da América do Sul, além de policiais militares, servidores públicos e parentes dos 439 militares que foram libertados ontem (11) do quartel de Charitas, em Niterói.

Desde as primeiras horas da manhã, centenas de pessoas se concentraram em frente ao Hotel Copacabana Palace, de onde seguem até o Posto 6. A passeata - que inicialmente era de protesto pela prisão dos bombeiros que invadiram o quartel central da corporação, no centro do Rio, no último dia 4 - transformou-se em manifestação de agradecimento à população depois que os militares foram soltos, por meio de um habeas corpus concedido pela Justiça do Rio. A manifestação também serve de apoio ao pedido de anistias administrativa e criminal para os bombeiros que estiveram presos.

Durante a manifestação, os bombeiros estão coletando assinaturas para a proposta de emenda à Constituição (PEC) estadual, apresentada por alguns deputados à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que torna possível a anistia à categoria.

Matias Montecchia, diretor da Escola de Guarda-Vidas da Argentina, veio ao Rio representando o sindicato da categoria naquele país. Mostrando o seu próprio contracheque, ele condena a situação do que chamou de "colegas do Mercosul".

"O que nós queremos é prestar solidariedade aos nossos colegas do Rio, que têm um salário de pouco mais de R$ 1.000,00. O governo está fazendo uma vergonha com isso. E a nossa presença aqui é para ajudar na conquista dos direitos que um guarda-vidas deve ter em qualquer parte do mundo”, disse.

Montecchia mostrou o próprio contracheque para apontar a diferença salarial entre os bombeiros argentinos e brasileiros. Na Argentina, segundo ele, o salário inicial é de cerca de 7 mil pesos – o equivalente a cerca de R$ 2.700,00.

A professora Daniele Machado, com um salário mensal de R$ 681,44, aproveitou a manifestação para apoiar os bombeiros e criticar o baixo salário que recebe e as precárias condições de trabalho.

“Preciso de duas matrículas para ter este salário. Daí o meu apoio aos bombeiros. Também aproveito para protestar contra as precárias condições de trabalho. Leciono nas escolas estaduais Almirante Barão de Teffé e Barão de Santa Margarida. Essa última, em Campo Grande, na zona oeste da cidade, não tem cadeira suficiente para os alunos, que sentam no chão para assistir às aulas e não tem vidros nas janelas, o que é uma pouca-vergonha", disse.

Os motociclistas do Moto Clube Esquadrão Águia de Fogo também apoiam a manifestação dos bombeiros do Rio. “A movimentação é altamente justa. Sem o Corpo de Bombeiros nas ruas da cidade muitas pessoas não sobreviveriam em caso de acidentes graves, principalmente os motociclistas e motoboys. Eles são os anjos do asfalto, estão na rua, no dia-a-dia, com sol, chuva ou fogo”, disse o presidente do Moto Clube, Marco Aurélio Ferreira.

Valter Vitorino é capitão-bombeiro do Espírito Santo. Atualmente na reserva, Vitorino veio prestar solidariedade aos bombeiros do Rio e defender um piso nacional unificado para a categoria.

“A nossa segurança está insegura. E o problema não é só no Rio de Janeiro, mas em todo o país. Nós queremos um piso nacional unificado: trabalho igual, piso igual. Se um bombeiro do Distrito Federal mergulha, nós, de outros estados, também mergulhamos. Se eles sobem em prédios, nós também subimos. Então, piso nacional para a classe”, defendeu.

O cabo da Polícia Militar da reserva, Jorge Andrade da Costa, que estava na passeata com a mulher, disse que a causa dos bombeiros é mais do que justa. "Um bombeiro não pode ganhar R$ 950 ao entrar na tropa, principalmente levando em conta os riscos inerentes à profissão."

De acordo com a Polícia Militar, 27 mil pessoas participam da passeata.


Edição: Andréa Quintiere // Matéria alterada para inclusão de informação