Stênio Ribeiro e Luciene Cruz
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – A troca cambial atrai muitas pessoas que vivem de atividades ilícitas, mas, na verdade, a lavagem de dinheiro é passível de ocorrer em qualquer setor da economia. Portanto, a Polícia Federal “não tem preconceito ou qualquer tipo de resistência em relação a mudanças nos procedimentos de câmbio”.
Foi o que disse hoje (31) o delegado da Polícia Federal Luiz Flávio Zampronha de Oliveira no encerramento do seminário Preparando o Mercado de Câmbio para a Copa 2014, realizado pelo Banco Central (BC) para discutir o câmbio manual e transferências de pequenos valores. Setor que exige aprimoramento para agilizar as transações cambiais necessárias para a ampliação do turismo externo no Brasil, em especial na Copa das Confederações (2013), na Copa do Mundo (2014) e nos Jogos Olímpicos (2016).
Zampronha afirmou ainda que o Brasil dispõe de uma legislação “bastante eficaz” para combater a lavagem de dinheiro, e ressaltou que cabe às agências e instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio cumprirem as normas em vigor e as que venham a ser adotadas pela autoridade monetária para modernizar e dar mais flexibilidade às trocas de moedas.
A esse respeito, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cazendey, destacou que a equipe econômica do governo tem preocupações quanto à possibilidade de excesso na entrada de dólares, e a esse respeito “não se pode abrir a guarda”. Mas o turismo no Brasil precisa ser melhor aproveitado, segundo ele, e um impulso bom para isso está no câmbio manual, que “tem importância crescente em um mundo cada vez mais globalizado”.
Por sua vez, o secretário executivo da Carteira de Comércio Exterior (Camex), Emílio Garófalo Filho, disse que ficou claro nos dois dias de debate que há necessidade de aperfeiçoamento nos procedimentos de câmbio. “Precisamos povoar esse mercado com mais agentes”, aqui e lá fora, para operarem regularmente com cartões pré-pagos, cheques de viagem, dinheiro em espécie e remessas, de modo a facilitar a vida de quem quer viajar para o Brasil.
A grande questão reside em como fazer a ampliação de agentes e a flexibilização do câmbio sem prejudicar as ações de controle para coibir a lavagem de dinheiro, de acordo com o procurador do Ministério Público Federal no Distrito Federal, José Robalinho Cavalcanti. “Compreendemos a necessidade de aprimorar o câmbio, mas o patrimônio do controle fiscal, reconhecido em todo o mundo, não pode ser enfraquecido”, afirmou.
Edição: Aécio Amado