Da BBC Brasil
Brasília - O Exército da Síria cercou hoje (9) um subúrbio da capital do país, Damasco, em meio à intensificação dos protestos contra o governo do presidente Bashar Al Assad. Segundo testemunhas, foram ouvidos tiroteios na região e cortinas de fumaça preta eram vistas sobre a área.
Agora de manhã, grupos de ativistas relataram, pela internet, que o subúrbio de Muadhamiya, a oeste de Damasco, foi cercado por tropas do Exército.
Segundo os ativistas, tiros de artilharia pesada podiam ser ouvidos, e uma nuvem de fumaça preta cobria a região. A eletricidade e as linhas telefônicas também foram cortadas no bairro. Ontem (8) houve tiroteios, prisões e mortes na terceira cidade síria, Homs, incluindo a de um menino de 12 anos.
As forças de segurança sírias também continuaram com seus esforços para reprimir os protestos contra o governo em Homs - na cidade costeira de Baniyas e no entorno de Deraa, no sul do país. A Síria vetou a entrada de jornalistas estrangeiros no país, o que torna mais difícil a verificação independente das informações.
Os ativistas políticos relataram que em Homs e Damasco soldados fazem buscas em casas e prendem opositores desde a noite de anteontem (7). Segundo o governo sírio, seis soldados e policiais foram mortos e outros ficaram feridos durante as operações em Homs, Baniyas e Deraa.
A organização não governamental Observatório Sírio para Direitos Humanos, baseado na Grã-Bretanha, afirmou que centenas de pessoas foram ontem (8) presas em Baniyas. Em Deraa, que está sob ocupação militar há duas semanas, moradores receberam a permissão de sair de suas casas por algumas horas para comprar suprimentos antes da imposição de um toque de recolher.
A TV estatal síria mostrou imagens de um microônibus no qual dez trabalhadores sírios que voltavam do Líbano teriam morrido ao sofrer uma emboscada ontem por atiradores. As manifestações contra o governo continuam ocorrendo em várias partes do país apesar da repressão oficial.
Segundo grupos de defesa de direitos humanos, mais de 500 pessoas foram mortas desde o início dos protestos, em março. As manifestações contra o governo, inspiradas pela onda de protestos pró-democracia no Oriente Médio, representam o mais sério desafio ao presidente Bashar Al Assad desde que ele assumiu o poder, em 2000, após a morte do pai, Hafez Al Assad.