Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Três meses depois da renúncia do ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, irá ao Cairo para manifestar o apoio do governo brasileiro na consolidação do processo democrático no país e se reunir com autoridades egípcias. Patriota viaja amanhã (6) e passa o fim de semana em reuniões com o chanceler egípcio, Nabil Al Arabi, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa.
“A viagem se dá no entendimento que o Brasil, como integrante [provisório] do Conselho de Segurança [das Nações Unidas] tem interesse na promoção da paz e da segurança internacional”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, ministro Tovar Nunes.
Após a renúncia de Mubarak – que está internado em um hospital no Egito, mas foi condenado à prisão preventiva por um mês pela Justiça do país -, o Egito passou a ser governado pelo Conselho Supremo das Forças Armadas comandado pelo ex-ministro da Defesa Mohamed Hussein Tantaui. Em setembro foram convocadas eleições presidenciais.
Ao longo dos 18 dias de conflitos no Egito, gerando manifestações populares e pressão internacional para que Mubarak renunciasse, o governo brasileiro acompanhou atentamente a crise. Depois da renúncia do presidente, em 11 de fevereiro, o Itamaraty divulgou nota oficial informando confiar no novo processo instaurado no país. “Fazer face a este momento de novas oportunidades e desafios, em ambiente de entendimento e de diálogo democrático”, diz a nota, divulgada no dia da renúncia de Mubarak.
Porém, antes o governo brasileiro foi incisivo ao criticar o governo Mubarak por causa da prisão dos jornalistas brasileiros Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, em 3 de fevereiro. Ambos foram detidos por autoridades egípcias, tiveram documentos e equipamentos apreendidos e acabaram impedidos de trabalhar no país. "O governo brasileiro deplora os confrontos violentos associados aos últimos desdobramentos da crise no Egito, em particular os atos de hostilidade à imprensa reportados ontem e hoje", diz o texto. "[É necessário] garantir as liberdades civis e a integridade física da população e dos estrangeiros presentes no país".
Edição: Aécio Amado