Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura em parceria com os armadores de pesca e comerciantes da Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa) distribuíram nesta Sexta-Feira Santa (22) cerca de 5 toneladas de pescado aos moradores da comunidade da Chatuba, no município de Mesquita, na Baixada Fluminense.
Também foram distribuídas cartilhas com dicas de como diminuir o desperdício, escolher o peixe antes de comprar e com informações nutricionais sobre o alimento, além de um livrinho de receitas com peixes. O superintendente federal no Rio do Ministério da Pesca e da Agricultura, Jayme Tavares, explicou que o governo federal vem implementando uma série de ações para incentivar o consumo do peixe.
“O brasileiro come apenas 9 quilos por habitante adulto/ano. A Organização Mundial da Saúde recomenda um consumo de 13 quilos por habitante adulto/ano. O governo quer que esse alimento faça parte da dieta do brasileiro, uma carne mais magra com muita proteína”.
A escolha da comunidade é feita a partir de um cadastro preenchido pelas próprias associações de moradores ou organizações não governamentais locais que fazem o pedido ao ministério. Ele informou que essa distribuição é feita todos os anos em comunidades onde os moradores normalmente não têm condições de comprar peixe na Semana Santa.
“Há comunidades em que as pessoas não têm poder de compra nem para consumir sardinha a R$ 1. Então montamos uma parceria com os comerciantes e armadores de pesca e assim conseguimos beneficiar algumas dessas pessoas na Semana Santa. Não é nenhum cherne ou namorado, mas é uma sardinha, um parguinho, curvinota”.
Tavares atribui o pouco consumo de peixe pela população à falta de hábito do brasileiro, que culturalmente prefere carne vermelha, e ao alto custo do peixe no Brasil. Segundo ele, o governo federal vem tentando reverter este quadro com a criação dos terminais de pesca e entrepostos para baratear os preços.
Moradora da comunidade de Jacutinga, também em Mesquita, Ana Leila Gonçalvez, presidente da organização não governamental (ONG) Centro Social Fusão, foi ao local tentar garantir seu peixe da Semana Santa. Ela disse que vai cadastrar a ONG e tem a esperança de que sua comunidade seja a contemplada no ano que vem.
“Somos 20 mil habitantes, todos muito carentes. Nós não temos nada aqui, nem saneamento, nem água potável. A luz é gato. Tem gente aqui que come uma sardinha de vez em quando e olhe lá. Tomara que ano que vem seja nossa vez”.
Edição: Fernando Fraga