Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Com um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$ 21.182, 68, a Região Sudeste, que reúne os estados de São Paulo, Minas Gerais, do Rio de Janeiro e Espírito Santo, é a mais rica do país. Ela também concentra a maior população, com 72.297.351 habitantes (censo de 2000), e tem o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), 0,824, perdendo apenas para a Região Sul. Com o estado de São Paulo, a Agência Brasil abre a série de entrevistas com os governadores do Sudeste.
Melhorar o atendimento dos hospitais públicos, principalmente no interior do estado, é uma das metas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a saúde. À frente da administração estadual pela terceira vez, ele admite que faltam recursos para o setor e defende que os investimentos precisam ser reequilibrados. Mas, segundo ele, se isso não for suficiente, é preciso aumentar a arrecadação pública para que os governos possam arcar com tratamentos de qualidade para a população. Para o governador paulista, a saúde pública do país está subfinanciada
Em um balanço dos 100 dias de seu mandato, Alckmin também afirmou que está trabalhando para deixar São Paulo pronta para a Copa do Mundo de 2014 e informou que uma nova universidade estadual será criada para contribuir com a qualificação dos trabalhadores do estado mais rico e populoso do país. Em entrevista à Agência Brasil, o governador disse ainda que apoia a construção do trem-bala entre Campinas e o Rio de Janeiro.
Agência Brasil - Como o senhor avalia os primeiros 100 dias de seu governo?
Geraldo Alckmin - Estou extremamente animado, acordando cada vez mais cedo e trabalhando de mangas arregaçadas. Acho que as prioridades do governo são as prioridades do povo de São Paulo: educação, saúde, segurança pública e gestão. Na gestão, nós já passamos a administração do Detran-SP [Departamento Estadual de Trânsito] da Secretaria de Segurança Pública para a Secretaria de Gestão, liberando 1.349 policiais para atuar nas ruas. A economia está forte. Temos grandes investimentos. A [nova fábrica] da Toyota está em obras. Teremos uma fábrica da Hyundai em Piracicaba. Outros investimentos importantes devem ser anunciados nas próximas semanas.
ABr - A capital tem hospitais públicos reconhecidos por sua qualidade, mas a população do interior do estado reclama do atendimento da saúde. Como melhorar isso?
Alckmin - A Secretaria de Estado da Saúde está fazendo a regionalização da saúde. Nós começamos pela Baixada Santista. Foi feito um grande trabalho, identificamos a necessidade de um hospital de moléstias infecciosas, ampliação de leitos hospitalares, leitos cirúrgicos, de UTIs [unidades de terapia intensiva] e da rede de câncer. Depois, fomos para Sorocaba. Foi feito todo um trabalho lá. Semana passada, fomos para o Vale do Ribeira. Estamos fazendo o trabalho de uma forma regionalizada, hierarquizada, que é a melhor maneira. Você pega uma região, estuda qual o maior problema e age de forma integrada. Também vamos criar uma rede paulista de combate ao câncer porque nós queremos distribuir o que já tem de bom em São Paulo. Agora, há um fato grave. Há o subfinanciamento da saúde. Os municípios e estados estão sobrecarregados.
ABr - O senhor é favorável à criação de uma nova fonte de financiamento para a saúde? Por exemplo, voltar com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)?
Alckmin - Sou favorável a que se equacione o financiamento à saúde. Se equaciona cortando outros gastos e aumentando os da saúde, fazendo uma realocação dos recursos ou aumentando a arrecadação. Mas há um fato, que é o subfinanciamento.
ABr - Quais são os seus projetos para a qualificação da mão de obra do estado?
Alckmin - O governo já tem uma grande rede de ensino técnico e tecnológico. Nós temos 200 mil alunos nesse tipo de ensino. Mas vamos trazer duas novidades. Uma é a Univesp. Está sendo fechado o projeto de lei que será encaminhado à Assembleia Legislativa criando a quarta universidade paulista. Não é uma universidade no sentido restrito. É uma universidade virtual. A outra novidade é o Via Rápida para o Emprego. Hoje, para entrar no ensino técnico, você precisa ter o ensino médio. O desemprego, porém, está muito ligado à baixa escolaridade. Vamos fazer cursos para quem não tem ensino médio. Cursos de 80 horas, 200 horas, entre outros.
ABr - Quando o senhor pretende anunciar essas medidas?
Alckmin - Agora, no final de abril. No máximo, no começo de maio. Isso fará parte de um programa que vamos lançar. Nós vamos apresentar o Mais Social.
ABr - Como está a preparação do estado para a Copa do Mundo de 2014?
Alckmin - Sobre o estádio que receberá os jogos, o que cabe ao governo do estado é a parte de acessos. Nesta segunda-feira (18), nós vamos assinar os contratos das obras necessárias para a região leste da capital, onde será o estádio. As obras do trecho leste do Rodoanel estarão praticamente prontas até 2014. Trem e metrô já passam na porta do estádio. Nós temos um parque hoteleiro muito bom. Acho que São Paulo está preparada. Na questão da construção do estádio, esperamos resolver os problemas jurídicos ainda este mês. Como o terreno é da prefeitura de São Paulo, ela está resolvendo isso.
ABr - O senhor é favorável à construção do trem-bala ligando Campinas ao Rio de Janeiro?
Alckmin - Eu defendo. Defendo a integração dos modais de transporte. Se você viajar pelo mundo inteiro, em lugar nenhum, você vai de carro ao aeroporto. Eu estou acompanhando diariamente os problemas jurídicos da linha que vai levar o metrô até o Aeroporto de Congonhas. Esperamos resolver isso em uma ou duas semanas. E os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Viracopos, em Campinas, serão atendidos pelo TAV [trem de alta velocidade]. Então, no que o governo estadual puder ajudar, vai ajudar. O TAV é bom. É um investimento privado financiado pelo BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social].
ABr - O senhor anunciou no seu primeiro dia de governo um contingenciamento de verbas de R$ 1,5 bilhão. Essa verba será liberada?
Alckmin - Nós já estamos liberando gradualmente. Depois que fizermos um balanço da arrecadação e do equilíbrio fiscal do primeiro trimestre, a ideia é fazer um descontingenciamento. No primeiro semestre, provavelmente, tudo deve ser liberado.
Edição: Aécio Amado
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