Da BBC Brasil
Brasília – Episódios de violência marcaram nesta sexta-feira (15) o nono dia de protestos na Bolívia, onde trabalhadores de várias categorias querem que o governo conceda um aumento salarial maior do que o já prometido.
A Central Operária Boliviana (COB) convocou uma greve geral, por tempo indeterminado, que conta com a participação de mineiros, professores, profissionais da saúde e da área rural.
Em La Paz, sede do governo e cidade mais populosa, manifestantes interromperam o trânsito em alguns pontos e forçaram a suspensão das linhas de ônibus intermunicipais.
Ocorreram choques entre professores rurais e policiais na estrada que liga La Paz ao estado de Oruro.
A TV ATB informou que, em Oruro, policiais lançaram gás lacrimogêneo e os manifestantes usaram dinamite, pedras e garrafas no confronto com as forças de segurança. O uso de dinamite é comum nos protestos bolivianos, especialmente por mineiros. O explosivo também simbolizou os protestos liderados pelo presidente Evo Morales, com apoio da COB, antes de chegar à Presidência, em 2006.
Em vários pontos do país também houve bloqueio de estradas.
Segundo a imprensa local, as manifestações de hoje foram maiores do que as de outros dias. Na edição online, o jornal La Razón, por exemplo, afirma: “o conflito entre COB e governo torna-se violento e se espalha pelo país”.
Em uma reunião com representantes dos governo no início da semana, os manifestantes negaram-se a aceitar um acordo, condicionando isso à presença de Morales na mesa de negociações. A explicação oficial do governo para a ausência de Morales foi que o presidente estava "participando de atividades locais" no estado de Tarija (Sul do país).
O governo propôs aumento de salarial 10%, mas os manifestantes exigem reajuste de 15%, alegando a alta inflacionária.
O ministro das Comunicações, Ivan Canelas, disse hoje que o governo voltou a convocar os líderes do movimento para uma negociação na quinta-feira, "mas eles não compareceram". De acordo com a agência de notícias oficial boliviana ABI, Canelas disse que "os ministros mantêm disposição para o diálogo".
A agência disse também que Morales já teria se reunido com manifestantes, mas sem sucesso.
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