Campanha internacional pede que Estados Unidos extraditem homem considerado o pior terrorista cubano

12/04/2011 - 12h33

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo de Cuba começou hoje (12) uma campanha internacional para pressionar os Estados Unidos a extraditar para a Venezuela o homem que é considerado o pior terrorista cubano - Luis Posada Carriles, de 83 anos. Absolvido pela Justiça norte-americana no Texas, na semana passada, pelo crime de imigração ilegal, Carriles é condenado em Cuba e na Venezuela por atos terroristas.

Nos últimos dias, o governo de Raúl Castro orientou seus embaixadores a buscar apoio nos países onde estão para que Carriles seja julgado fora dos Estados Unidos. Um documento detalhado sobre a vida de Carriles foi enviado pelo governo de Cuba às Nações Unidas e a todos os países com os quais mantém relações políticas.

O embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Rafael Zamora Rodríguez, afirmou à Agência Brasil que o combate às ações terroristas não pode incluir exceções. “Posada Carriles é perigoso e participou de vários atos terroristas em Cuba e em países da América Central. É preciso julgá-lo de acordo com a lei e não protegê-lo”, afirmou o embaixador.

Ao ser peguntado sobre a idade avançada do acusado, o diplomata reagiu com o veemência: “O fato de ele estar velho [Carriles tem 83 anos] não pode encerrar o processo. Aos 70 anos, ele jogou uma bomba em uma universidade do Panamá para atacar [o ex-presidente] Fidel Castro. Então, ele é velho para que o julguem, mas não para colocar uma bomba e ameaçar a vida das pessoas?”.
    
Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba rechaçou a absolvição de Posada Carriles. No último dia 8, a Justiça de El Paso, no Texas, absolveu Carriles. Há cinco anos, o governo de Cuba reivindica a extradição de Carriles para ser julgado pela Justiça da Venezuela - uma vez que ele é naturalizado venezuelano - por atos terroristas, além de assassinatos e assaltos.

O embaixador de Cuba no Brasil reiterou hoje o comunicado assinado pelo ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez. No comunicado, o governo de Cuba diz que é um “insulto” ao povo cubano e às famílias enlutadas absolver Carriles e que os Estados Unidos atuam de forma “contraditória” ao não condenar o acusado no momento em que combate o terrorismo internacional.

Nos Estados Unidos, a Justiça do Texas julgou Carriles por ter ingressado no país, no fim da década de 60, como imigrante ilegal. Porém, o embaixador cubano afirmou que a Justiça norte-americano deveria ter considerado o “passado criminoso” do acusado antes de absolvê-lo.

De acordo com as autoridades de Cuba, Carriles mentiu durante todo o seu processo de julgamento, que levou três meses e uma semana. Para o Ministério das Relações Exteriores cubano, a mentira de Carriles foi acobertada pelo governo norte-americano. “Cuba reitera que o governo dos Estados Unidos é responsável pelo assunto”, disse o diplomata.

Em Cuba, com o apoio do governo da Venezuela, Carriles é acusado de organizar o ato que levou à  explosão de um avião da Companhia Cubana de Avião, na Ilha de Barbados em 1976, matando 73 pessoas, assim como ter promovidos bombardeios em  instalações turísticas cubanas em 1997. Três anos depois, ele tentou bombardear uma universidade na Cidade do Panamá, onde estava o então presidente Fidel Castro.

“Cuba reitera que o governo dos Estados Unidos é o principal responsável por esse resultado. [Roga-se a] este país [os Estados Unidos] assumir suas obrigações na luta contra o terrorismo, sem hipocrisia ou duplicidade de critérios”, diz o comunicado oficial do governo cubano, lido pelo embaixador.

Edição: Graça Adjuto