Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O problema do cinema brasileiro é a distribuição, segundo a cineasta Lúcia Murat, membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Cineastas (Abraci). “A gente não tem nenhum controle sobre esse mercado, que é dominado por filmes do tipo blockbuster (de grande bilheteria).
Dos 14% que o cinema nacional possui atualmente do mercado, 13% são blockbuster. O restante fica restrito ao circuito de arte e não tem tela para ser exibido. “São filmes brasileiros que, teoricamente, deveriam ter uma identidade com o povo brasileiro. A gente não tem esse mercado."
Lúcia Murat analisou que o problema exige uma política mais abrangente do que a simples revisão da cota de tela (número de dias para exibição obrigatória de filmes nacionais nas salas de cinema). Para ela, essa política passa pelo estímulo à criação de distribuidores e exibidores brasileiros, por exemplo.
“Acho que tem que ser uma coisa mais complexa, inclusive com educação também. Sem você educar, colocar o cinema brasileiro e outros cinemas que não sejam o dominante nas escolas e sem formar o público não tem como. Acho que tem que atuar de diversas maneiras."
Para a cineasta, além de aumentar a cota de tela é preciso formar público e rediscutir toda a política cinematográfica. Essas e outras questões estão sendo discutidas no Conselho Superior de Cinema com os diversos segmentos do setor. As conclusões serão apresentadas à ministra da Cultura Ana de Hollanda e encaminhadas posteriormente à Presidência da República.
Em reunião com cineastas no último dia 25 de março, no Palácio da Alvorada, a presidenta Dilma Rousseff manifestou preocupação com o fato de alguns filmes brasileiros não terem o devido reconhecimento do mercado.
Edição: Andréa Quintiere