BBC Brasil
Brasília - As forças leais ao presidente da Costa do Marfim reconhecido pelas Nações Unidas, Alassane Ouattara, afirmam ter tomado a residência presidencial em Abidjan, capital do país, onde vive o atual governante que resiste em deixar o poder. O atual presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, recusa-se a abrir mão do governo depois de ter sido derrotado nas últimas eleições.
Um dos aliados de Gbagbo em Londres, Adbob George Bayeto, negou a tomada do prédio e disse que se tratava "de propaganda" e "guerra psicológica". Um porta-voz de Ouattara, entretanto, disse que Gbagbo foi visto na residência presidencial e que forças leais ao presidente eleito realizavam buscas no local desde a madrugada de hoje (5).
De acordo com autoridades ligadas a Ouattara, se Gbagbo for capturado será “preso e levado à Justiça”. Helicópteros das Nações Unidas e França atacaram alvos próximos à residência presidencial. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou que os ataques tinham como objetivo proteger civis e não eram uma declaração de guerra a Gbagbo.
Nesta manhã, a cidade de Abidjan foi palco de novos disparos de armamentos pesados. Gbagbo se recusa a deixar o poder apesar de os resultados das eleições de novembro, aprovados pela ONU, terem indicado sua derrota para Ouattara. Logo após a divulgação dos resultados, o governo anulou o conteúdo de urnas no norte do país, afirmando que houve fraude, e declarou Gbagbo vencedor.
Desde então, o país vem sendo palco de disputas intensas entre forças leais aos dois lados. A violência já deixou centenas de mortos. Na semana passada, forças leais a Ouattara lançaram uma ofensiva militar para tentar retirar Gbagbo do poder. A França, antigo poder colonial no país, mantém forças de paz na Costa do Marfim desde o fim da guerra civil, há uma década.
O comandante das forças de paz da ONU no país, Alain Le Roy, disse que a decisão do ataque ontem (4) foi tomada com base em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autoriza esse tipo de ação. Segundo ele, a intensidade do uso de armamentos pelas forças de Gbagbo e os calibres das armas vinham aumentando fortemente nos últimos dias.
A ONU anunciou ainda que enviará à Costa do Marfim um representante para investigar um massacre de centenas de civis na cidade de Duekoue, no Oeste do país, na semana passada. Simpatizantes de Ouattara e de Gbagbo se acusam mutuamente pelas mortes. Segundo o Comitê da Cruz Vermelha Internacional, pelo menos 800 pessoas foram mortas.