Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Átila Nunes (PSL/RJ), levantou hoje (30) alguns questionamentos em relação às usinas nucleares, tendo em vista o acidente no Japão, no último dia 11. Avaliou que a BR-101, conhecida como Rodovia Rio-Santos, não oferece nenhuma condição para que a população seja evacuada em caso de acidente.
Angra dos Reis também enfrentaria problemas para alojar moradores retirados das residências, pois os possíveis abrigos (escolas públicas, ginásios e o Colégio Naval de Angra dos Reis) “não têm vedação [contra radiação]”, afirmou ele à Agência Brasil. O deputado participou da audiência pública promovida pela Alerj sobre segurança nas usinas nucleares brasileiras.
O deputado também denunciou que não há treinamento para a população. O último ocorreu em 2009, com pouca participação popular. “Você não tem abrigo, não tem rota de fuga”. Outra questão diz respeito ao depósito do lixo nuclear que, nas usinas de Angra dos Reis, fica estocado em tonéis lacrados dentro de um galpão, a poucos metros dos prédios dos reatores. "Em outros países, como a Alemanha, se guarda [o lixo atômico] em uma mina de sal, a 800 metros de profundidade”.
O assistente da presidência da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, rebateu as questões apresentadas pelo deputado. Em relação aos abrigos, esclareceu que o importante é as pessoas ficarem em local fechado. “Não existe um procedimento especial de vedação das portas e janelas”.
Disse ainda que os exercícios de retirada dos moradores são feitos todo ano. De dois em dois anos, envolvem a população da cidade, que participa do treinamento de forma voluntária. “Nós fazemos a convocação dos voluntários, mas não existe nenhuma lei que obrigue as pessoas a participar”. A presença média em cada exercício varia entre 300 e 600 pessoas. “É uma parcela pequena da população de 20 mil habitantes”, reconheceu.
Sobre o destino do lixo radioativo, a informação é que o processo está avançando. Segundo o assessor, até 2018 o Brasil deverá ter um depósito definitivo para os rejeitos nucleares, como já está previsto no projeto da Usina Angra 3, em construção. O repositório nacional de rejeitos radioativos também servirá às clínicas e hospitais que trabalham com equipamentos de medicina nuclear e aos centros de pesquisa.
Indagado sobre a necessidade de dispositivos de segurança relacionados a riscos de elevação do nível do mar, conforme cenários apresentados no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU), Guimarães afirmou que Angra 1 e 2 estão na cota 5 (5 metros acima do nível do mar) enquanto Angra 3 está sendo construída na cota 6 (6 metros acima do nível do mar), superiores à cota das usinas japonesas atingidas pelo terremoto seguido de tsunami.
Edição: Vinicius Doria