Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse hoje (21) que a reforma política é o caminho para evitar a criação de “partidos ocasionais”. Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anunciou sua desfiliação do DEM e a intenção de dar início à coleta de assinaturas para criação do Partido Social Democrático (PSD).
A reforma política tornou-se a prioridade de 2011 para José Sarney, antes mesmo de ele assumir pela quarta vez a presidência da Casa. “Uma das coisas que estamos querendo alcançar [com a reforma política] é que os partidos existam e existam definitivamente e não sejam partidos ocasionais”, disse o senador.
Ele acrescentou que a pretensão com a atualização da lei eleitoral é dar estabilidade à política. Perguntado sobre alguma semelhança entre o PSD pretendido por Kassab e o antigo PSD (partido que existiu entre 1945 a 1965), Sarney foi irônico: “eu conhecia a UDN (União Democrática Nacional)”, do qual já era um expoente na década de 60.
Há ainda a expectativa de que o novo partido se una, mais tarde, ao PSB. Dessa forma, segundo a análise de alguns senadores, a criação do PSD seria uma ponte para o lançamento da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República na campanha de 2014.
“Se ele quiser se viabilizar para presidente já está arrumando sua cama”, disse a senadora e vice-presidente do PSDB, Marisa Serrano (MS). Segundo ela, em conversas informais entre as lideranças do partido, essa é a avaliação que predomina.
A senadora vincula todo o andamento das costuras políticas para 2014 à aprovação da reforma política colocada em discussão por José Sarney. Na comissão de reforma política do Senado, por exemplo, um dos temas em análise é a possibilidade de reeleição para Dilma Rousseff caso seja aprovado o mandato presidencial de cinco anos e o fim da reeleição. Tudo isso, segundo a tucana, mexe com as costuras políticas.
O presidente do Democratas (DEM), senador José Agripino Maia (RN), afirma que existe uma aliança entre o novo PSD e o PSB para trazer à nova legenda “políticos por razões diversas e oportunísticas onde nada os une”. Ele afirma não ter dúvidas com relação às pretensões do governador Eduardo Campos de utilizar a legenda para tentar alçar voo à uma candidatura presidencial em 2014.
Já o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), considera prematura qualquer análise sobre cenários para daqui a quatro anos. Ele admite, no entanto, que caso sejam confirmadas as expectativas de Kassab de levar para o PSD cerca de 20 deputados federais e alguns governadores, o partido será “uma força de relevância para o governo federal”.
Humberto Costa acrescentou que o PSB de Eduardo Campos tem hoje uma força concentrada no Norte e Nordeste. Com uma eventual fusão com o PSD de Kassab, os socialistas garantiriam uma presença também nas regiões Sul e Sudeste.
Edição: Lílian Beraldo