Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A visita do presidente Barack Obama ao Brasil, Chile e a El Salvador se constitui em um “cenário magnífico” para revitalizar as relações hemisféricas, afirmou hoje (21) a secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alícia Bárcena.
A afirmação foi feita em Santiago, no Chile, durante a divulgação de relatório comemorativo à visita que o presidente norte-americano faz àquele país, em continuidade à viagem oficial iniciada no último sábado (19) por Brasília, onde ele assinou acordo de cooperação com a presidente Dilma Rousseff antes de embarcar para o Rio de Janeiro.
O relatório da Cepal diz que os Estados Unidos continuam sendo o principal sócio comercial, individualmente, para a América Latina e o Caribe, embora as relações de comércio tenham se reduzido substancialmente na última década. Ressalta, porém, que atualmente “as condições são propícias para o lançamento de nova era de cooperação econômica e comercial” entre os países da região e os EUA.
Uma das cinco comissões regionais da Organização das Nações Unidas (ONU), a Cepal destaca que o mercado norte-americano comprava 59,7% das exportações da América Latina e do Caribe em 2000, mas a participação caiu para 40,1% em 2009. No mesmo período, a participação dos EUA nas importações dos países da região diminuiu de 49,3% para 31,2%.
A queda nas relações comerciais teve como contrapartida o aumento da participação da China e de outras economias emergentes no comércio exterior da região. Mas, a Cepal ressalta que os Estados Unidos continuam sendo o principal parceiro comercial, além de serem o maior investidor individual, com 34,7% do investimento estrangeiro direto nos países da América Latina e do Caribe, de 2000 a 2009.
Alícia Bárcena disse que “falta aos Estados Unidos uma estratégia comercial compreensiva” para a região, nos últimos anos, pois nem mesmo os tratados de livre comércio assinados com a Colômbia (2006) e com o Panamá (2007) foram enviados ao Congresso norte-americano para aprovação. Além disso, os programas de preferência alfandegária com os países andinos, principalmente, encontram-se paralisados.
Razões que, segundo ela, contribuíram para o estreitamento de laços comerciais da região com a União Europeia e com países asiáticos. Agora, os países latino-americanos e caribenhos esperam que os EUA apresentem propostas para “um diálogo estratégico e novas iniciativas no campo do comércio e do investimento para fortalecer a cooperação mútua”.
De acordo com a Cepal, uma nova relação de cooperação deveria incluir, entre outros pontos, a pronta aprovação dos tratados de livre comércio pendentes e a retomada das preferências para os países andinos e outros da região.
Também deve haver compromisso comum de trabalho pela conclusão da Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), ainda neste ano, bem como a abertura de um diálogo estratégico dos Estados Unidos com os países da região que atuam no Grupo dos 20 para o estabelecimento de um programa integrado de cooperação econômica.
Edição: João Carlos Rodrigues