Da BBC Brasil
Brasília - Milhares de manifestantes egípcios voltaram a se reunir, na manhã de hoje (30), na Praça Tahrir, na região central da capital egípcia, Cairo, a fim de exigir que o presidente Hosni Mubarak renuncie ao cargo. Os choques entre manifestantes e forças de segurança já teriam deixado cerca de cem mortos e em torno de dois mil feridos, em seis dias de protestos.
Segundo a BBC Brasil, os manifestantes retornaram à praça – principal centro de protestos na cidade – logo após o fim do toque de recolher, às 8 horas (4 horas pelo horário de Brasília). Apesar da presença de soldados do exército, tanques e veículos blindados nas proximidades da praça, até as 11h nenhum confronto foi registrado. Não havia policiais no local.
Grupos de vigilantes foram formados nos bairros, já que a polícia não é mais vista nas ruas. Os vigilantes se armaram com bastões e algumas armas, além de montar barricadas durante a noite para se proteger de saqueadores. As barricadas, contudo, também começaram a ser desmontadas na manhã de domingo.
Apesar da vigilância voluntária, ocorreram saques em várias partes da cidade, incluindo no Museu Nacional. Ainda de acordo com a BBC Brasil, há menos pessoas nas ruas do que de costume e muitas lojas, bancos e empresas não abriram as portas, embora o domingo, no Egito, seja o primeiro dia útil da semana.
Brasileiros que estão no Egito relataram à BBC Brasil, por telefone, os momentos de tensão e de medo que viveram durante os último dias. A turista Fátima Saraiva chegou à capital com mais 21 brasileiros no último dia 14. Ainda sem saber da série de protestos e dos riscos, o grupo se hospedou em um hotel próximo à região central.
"Passamos a ficar apreensivos com os acontecimentos quando começaram a queimar veículos, prédios e postos de polícia", disse Fátima. “Muitos de nós ficamos com medo depois de receber a notícia de que voos tinham sido cancelados. Alguns chegaram a chorar, achando que não conseguiriam mais sair do país."
Já Larissa Amorim, que mora nos arredores da capital, contou que a série de saques espalhou o medo entre os moradores da capital. “Meu marido foi à rua juntamente de outros homens do bairro com facas e bastões para proteger as propriedades", contou ela, que é casada com um egípcio e mora no país desde 2007. "Estamos muito nervosos, mas os moradores falaram que, por enquanto, não havia sinais de distúrbios na área."