Mauá tem a sexta morte causada pelas chuvas e moradores fazem protesto

19/01/2011 - 17h18

Vinicius Konchinski

Repórter da Agência Brasil

 

Mauá (SP) – Moradores do bairro Zaíra, em Mauá, na Grande São Paulo, fizeram hoje (19) um protesto por causa de mais uma morte provocada pelas chuvas. Antonia Velaneda Grande, 64 anos, é a sexta vítima dos temporais que atingem o município desde o início do mês passado, quando começou a temporada de chuvas.

 

Em todo o estado de São Paulo, as chuvas já mataram 24 pessoas desde o início das chuvas, segundo a Defesa Civil estadual. Foram seis mortes em São Paulo, seis em Mauá, uma em Embu, cinco em São José dos Campos, uma em Tatuí, quatro em Jundiaí e uma em Limeira. O estado tem 9.712 pessoas desalojadas e 2.162, desabrigadas.

 

A sexta vítima das chuvas morreu, ontem (18), afogada dentro de casa. Antonia morava ao lado do Córrego Corumbé, no bairro Zaíra. O córrego transbordou no final da tarde e derrubou o muro da casa da mulher. Ela foi atingida pelo muro, desmaiou e não conseguiu sair do local.

 

Além da casa de Antonia, várias casas do Zaíra foram inundadas pelas águas do Corumbé. O bairro é um locais com maior número de áreas de risco na cidade. Das seis mortes registradas no município, cinco ocorreram no Zaíra.

 

Hoje, em meio à lama e aos prejuízos, os moradores culpavam a construção de um terminal de ônibus pela cheia no Zaíra

 

Ainda inacabado, o terminal fica na margem do Corumbé oposta a das casas alagadas. A prefeitura de Mauá informou que sua construção começou em novembro. Segundo os moradores da região, devido a mudanças no curso do córrego, a vazão diminuiu e a água transbordou.

 

“Moro aqui há 15 anos. Isso nunca tinha acontecido”, afirmou Cícero Pereira, 47 anos, um dos moradores do Zaíra que teve a casa inundada. “Antes, o córrego tinha vazão maior. Para construir o terminal, também tiraram um muro que ficava na beira do rio e segurava um pouco a água.”

 

Zoraide da Silva Oliveira, 68 anos, mora no Zaíra há 45 anos e também acha que as obras colaboram para a enchente. Sua casa foi completamente invadida pela lama que veio do Corumbé e todos seus móveis e eletrodomésticos foram perdidos. Tudo isso, segundo ela, devido ao descaso da prefeitura.

 

“Depois das obras, piorou”, disse ela. “Também faz muito tempo que não limpam o rio. Derrubaram muita coisa lá e nunca tiraram.”

 

A prefeitura de Mauá informou que a construção do terminal não tem nenhuma relação com a enchente. De acordo com a administração municipal, a margem do córrego não foi alterada e, por isso, o risco de cheias não mudou no local.

 

Segundo a prefeitura, o volume das chuvas foi o responsável pela cheia de ontem. Conforme a administração municipal, em três horas, choveu 80 milímetros (mm) na cidade. A chuva esperada para todo o mês de janeiro é de 239 mm.

 

Até o final da tarde de hoje, a prefeitura de Mauá não tinha um balanço de quantas famílias foram atingidas ontem pela cheia do Corumbé. De acordo com a prefeitura, 509 casas já haviam sido interditadas por causa da chuvas no município. Cerca de 1,2 mil pessoas também tinham sido atendidas.

 

Moradores de Mauá que perderam suas casas devido às chuvas estão sendo encaminhados para abrigos. Essas pessoas têm direito a uma ajuda de R$ 300 por mês para pagar aluguel. O auxílio é pago por seis meses e por de ser renovado por mais seis.

 

Edição: João Carlos Rodrigues