Baby Doc é detido no Haiti para depor sobre desvios de dinheiro durante seu governo

18/01/2011 - 18h43

Luciana Lima
Enviada Especial ao Haiti*

Porto Príncipe - O ex-ditador do Haiti Jean-Claude Duvalier, conhecido como o Baby Doc, foi preso hoje (18), em Porto Príncipe. A prisão ocorreu em um hotel da capital haitiana, onde está hospedado desde o último domingo, quando retornou ao país, depois de 25 anos de exílio na França.

Antes de ser detido, Baby Doc chegou a se encontrar com autoridades da Justiça do Haiti. De acordo com o governo do Haiti, a prisão servirá para que o ex-presidente seja interrogado sobre desvios de recursos públicos que ele teria cometido durante os 15 anos em que governou o país.

Ao chegar a Porto Principe, Baby Doc foi recebido por centenas de simpatizantes. Essas pessoas também protestaram hoje, em frente ao hotel, contra a prisão do ex-presidente. Nesse momento, ele está prestando depoimento na promotoria pública do Haiti. Em frente ao prédio, no centro da capital, muitos haitianos aguardam para saberem se ele ficará preso.

Os motivos para o retorno de Baby Doc ao país não estão claros. Ontem, ele cancelou uma entrevista coletiva que daria no hotel. A única declaração do ex-presidente foi dada no aeroporto no domingo. O ex-ditador disse que havia retornado para ajudar na reconstrução do país, após o terremoto do ano passado, que deixou cerca de 300 mil mortos.

A volta de Baby Doc ao país ocorre em um momento de tensão política, devido à suspeita de fraude no primeiro turno das eleições presidenciais e indefinições em relação à realização do segundo turno que podem gerar um vazio político, já que o mandato do atual presidente, René Preval, acaba no dia 7 de fevereiro.

Em 1971, Baby Doc herdou o poder de seu pai, o também ditador François Duvalier, conhecido como Papa Doc. Ele enfrentou uma insurreição popular em 1986 e partiu para a França com a família.

A Anistia Internacional pediu às autoridades do Haiti que processem judicialmente Baby Doc por crimes contra a humanidade. O atual presidente, René Préval, também já havia dito que o ex-ditador seria preso caso voltasse ao país.

*A repórter viajou a convite do Ministério da Defesa
 

Edição: Rivadavia Severo