Greve geral impede turistas brasileiros de sair da Terra do Fogo

14/01/2011 - 18h55

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Uma greve geral, organizada por líderes comunitários no Sul do Chile, na região da Terra do Fogo, provocou o isolamento de dezenas de turistas, que não conseguem voltar para casa. Entre eles, há mais de 100 brasileiros, reunidos apenas na cidade de Magallanes. No grupo de turistas há crianças e idosos. O Itamaraty nomeou o cônsul honorário Mario Babaic para dar assistência aos brasileiros, que aguardam a liberação das estradas para deixar a região.

Em entrevista à Agência Brasil, os turistas Guilherme Miqueluteti e Artur da Silva Reis, que estão na Terra do Fogo, afirmaram que o clima é de tensão e medo. “Há muitas crianças e idosos aqui. Tem gente que já está sem remédio, e há dificuldades para comprar comida também. Tudo está fechado na cidade”, disse Reis.

Para Miqueluteti, a esperança está depositada nas negociações do cônsul brasileiro para obter a liberação do grupo. Segundo ele, os líderes da greve não demonstram intenção de pôr fim ao movimento. “Minha esperança é a negociação feita pelo cônsul. Preciso trabalhar na semana que vem, mas já sei que vai ser difícil, até segunda-feira [17] conseguir sair daqui.”

Miqueluteti e Reis já perderam as passagens aéreas que tinham comprado para Buenos Aires e depois para Brasília. No caso de Reis, a tensão é ainda maior, porque a família dele é de São José do Vale do Rio Preto, no Rio de Janeiro, uma das áreas que mais sofreram com as últimas enchentes na serra fluminense. “Imagina como eu estou: isolado em um outro país, e minha família em uma cidade que foi destruída”, disse ele.

A onda de protestos e paralisações na Terra do Fogo começou anteontem (12), devido ao anúncio do aumento do preço do gás. Desde então, o comércio foi fechado e as estradas que dão acesso ao local foram bloqueadas. Mais de 300 carros, caminhões e ônibus estão impedidos de sair da região turística. As manifestações bloqueiam o acesso às balsas que ligam, por via marítima, a região ao restante do continente.  

Na tarde de hoje (14) houve uma série de reuniões entre autoridades federais e locais em busca de um acordo. Também foram chamados os representantes de alguns países, pois há turistas de várias nacionalidades. No grupo de negociadores há, ainda, representantes do chamado conselho de cidadãos, uma vez que existe ameaça de desabastecimento na região.

Edição: Nádia Franco