Manifestantes voltam a entrar em confronto com a polícia nas ruas de Tunis

12/01/2011 - 13h33

Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África

Maputo (Moçambique) – Manifestantes voltaram a entrar em choque com a polícia nas ruas de Tunis, da capital da Tunísia. De acordo com a BBC, as forças de segurança atiraram para alto para tentar dispersar um protesto em Ettadamen, a 15 quilômetros do centro da cidade. Segundo o governo tunisiano, o número de mortos nos últimos dias chega a 21, mas organizações não governamentais acreditam que a quantidade é bem maior.

Os protestos na Tunísia começaram em 17 de dezembro, quando Mohamed Bouazizi, de 26 anos, teve as mercadorias que vendia na rua apreendidas pela polícia. Desesperado, ele atou fogo ao próprio corpo e morreu em consequência das queimaduras. Ele tinha diploma universitário, mas não conseguia emprego.

O ministro das Comunicações, Samir Laabidi, afirmou que os protestos são um movimento de “extremistas religiosos e de esquerda que fomentam a violência”. E que o governo responderá com “reformas econômicas e sociais”. Uma das promessas é a criação de 300 mil empregos até o final de 2012.

O governo determinou o fechamento de escolas e universidades enquanto houver protestos nas ruas. O presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, está no poder desde 1987. Foi reeleito em 2009 , com 89,6% dos votos, para mais cinco anos de mandato. Ele é apenas o segundo presidente de toda a história de independência do país. Protetorado francês até 1956, a Tunísia foi governada por Habib Bourguiba até 1987, em regime de partido único, com forte repressão a islâmicos fundamentalistas. Bem Ali o derrubou em um violento golpe de Estado.

Em termos econômicos, a finanças do país dependem do turismo, da mineração, agricultura e indústria. A Tunísia foi mais um país africano que abriu a economia ao capital privado nos anos 1980. De um crescimento médio de 5% na década passada, caiu para 0,3% em 2009, por causa da crise internacional.

Edição: Vinicius Doria