Cooperativa feminina do Complexo do Alemão busca inclusão social no mercado da moda

11/01/2011 - 17h28

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Organização não governamental (ONG) que busca resgatar, pela moda, a valorização do negro e sua cultura e a inclusão social em meio a comunidades carentes cariocas, As Charmosas se apresenta, neste ano, pela primeira vez, na Senac Rio Fashion Business.

O evento, que está na sua décima sétima edição e é a maior bolsa de negócios da moda na América Latina, vai até a próxima quinta-feira (13), na Marina da Glória. O foco é a comercialização da coleção outono/inverno 2011.

As Charmosas nasceu da visão empreendedora e a persistência de Eleandra Fidelis. Ela reuniu moradoras de três comunidades: Complexo do Alemão, Morro do Engenho da Rainha e Morro do Juramento – todas localidades dominadas pelo tráfico de drogas.

A pacificação do Complexo do Alemão, em novembro do ano passado, com a ocupação das forças de segurança e militar no morro, deu novo impulso ao projeto. O Alemão, aliás, receberá, até o final do ano, segundo anunciou o governador Sergio Cabral, sua primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

Há cerca de seis anos, Eleandra começou a trabalhar com eventos que buscavam a valorização do negro e sua cultura. “A partir desses eventos que nós começamos a desenvolver, foram se agregando mais trabalhos sociais dentro desse perfil. E quando eu percebi, senti a necessidade de estar desenvolvendo uma ONG”, contou.

Além da moda, a ONG procura resgatar a memória cultural do bairro de Engenho da Rainha, onde residiram personalidades como a Rainha Carlota Joaquina e os músicos Pixinguinha, Monarco e Clementina de Jesus, entre outros artistas. “Nós conseguimos resgatar a autoestima da comunidade, por meio da questão cultural do bairro”.

Ciente de que as pessoas que participam do projeto têm vergonha de dizer que moram no bairro devido à violência, a preocupação da ONG é resgatar a história e destacar a região, inclusive, como ponto turístico. “É muito bacana ter isso como referência para estar desenvolvendo um projeto”.

Eleandra lidera o grupo de 30 mulheres que participa da ONG. Ali, segundo ela, o atendimento não se restringe ao mundo da moda, mas tem como objetivo também a valorização da mulher e o resgate da cidadania. “A ONG está efetuando o primeiro fórum local para o desenvolvimento dentro da comunidade, onde a gente consegue reunir governos, lideranças, presidentes de associações de moradores para, justamente, tentar mudar esse quadro, por meio da cultura, do lado criativo que todo mundo tem”.

A expectativa é que, com a participação na Fashion Business, a ONG aumente os negócios e possa ampliar a sede e comprar maquinário. “Poder crescer e também oferecer uma fonte de renda para essas mulheres. O trabalho ainda é muito primário, mas é feito com muito carinho e muito amor. Nós vamos vender a nossa criatividade”.

Edição: Lana Cristina