Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
São Paulo – A casa de pelo menos três diretores do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas), entre eles um vereador da cidade de Taboão da Serra, e de policiais militares que prestam serviço de segurança à entidade estão entre os alvos da operação deflagrada hoje (15) com o objetivo de obter provas que ajudem a esclarecer o assassinato do sindicalista Sérgio Augusto Ramos, o Serjão, em 25 de outubro.
Segundo o coordenador do Departamento de Comunicação do sindicato, Nailton Francisco de Souza, até as 11h, os policiais civis já haviam cumprido mandados de busca e apreensão na casa do presidente da entidade, Isao Hosogi, o Jorginho; na do secretário-geral, Edivaldo Santiago; e na do secretário de Finanças, José Valdevan de Jesus Santos, o Valdevan Noventa, que, atualmente, é vereador em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. A Agência Brasil tentou entrar em contato com Valdevan, mas não conseguiu localizá-lo.
A assessoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública não informou os alvos dos 21 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual. Um primeiro balanço da operação deve ser divulgado esta tarde.
De acordo com Souza, a casa de pelo menos um dos oitos policiais militares que prestam serviço de segurança para o sindicato também foi alvo das buscas. Até o horário do almoço, contudo a sede do sindicato não havia sido alvo das diligências.
“Até o momento, a única pessoa que eles [os policiais] conduziram ao distrito, mas, para prestar esclarecimentos, foi o secretário-geral da entidade, Edivaldo Santiago”, afirmou Souza à Agência Brasil, referindo-se ao ex-presidente do Sindmotoristas, que chegou a ser preso em maio de 2003, sob a acusação de, entre outros crimes, receber propina de empresários para incentivar a categoria a paralisar as atividades.
“Vemos com bons olhos essas diligências, pois o trabalho está sendo feito com seriedade, sem arbitrariedades como as de 2003, quando foi feito um grande estardalhaço e, mais tarde, não se provou nada contra as pessoas. Agora a polícia está trabalhando com cautela e nós já deixamos bem claro: se houver pessoas do nosso meio envolvidas, elas serão expulsas pois não podemos conviver com esse tipo de situação”.
O sindicato reconhece o assassinato de sete pessoas ligadas à direção da entidade desde 1993, mas, para Souza, “tudo não passa de uma fatalidade [coincidência]”. “Há outros casos de gente que não tem nada a ver com o sindicato. Esses sete, sim, eram diretores do sindicato, mas nenhuma das mortes já esclarecidas pode ser atribuída a disputas internas da entidade. Agora estamos pedindo uma investigação rigorosa para que as duas últimas mortes sejam esclarecidas”, afirmou Souza.
Somente nos dois últimos meses, dois dirigentes foram mortos em situações semelhantes. Serjão foi assassinado a tiros por dois homens que passavam de moto em frente à empresa em que trabalhava, a Viação Itaim Paulista (VIP), enquanto panfletava. Antes de morrer, o sindicalista havia registrado dois boletins de ocorrência e gravado um vídeo denunciando estar sendo ameaçado de morte por pessoas que, segundo ele, seriam ligadas ao atual presidente do sindicato.
Em 12 de novembro, outro diretor, José Carlos da Silva, também foi baleado por um homem que estava na garupa de uma moto e que disparou contra o veículo do sindicalista sem dizer nada. As autoridades ainda não têm elementos para afirmar que as mortes tenham alguma ligação.
Edição: Juliana Andrade