Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
São Paulo – Desonerar os investimentos no setor produtivo e simplificar a legislação tributária, além de agilizar processos de licenciamento ambiental e regulamentar setores estratégicos são algumas das medidas que o próximo governo terá que adotar para garantir o fluxo de investimentos à manutenção do crescimento econômico na visão dos empresários.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse que a desoneração dos investimentos deve ser prioridade do governo. "Se a Petrobras tem dificuldades de fazer seus investimentos com esse enorme custo tributário, imagine uma fábrica de parafusos. Provavelmente, ela terá muito mais dificuldade", declarou Gabrielli, durante um seminário realizado hoje (24), em São Paulo (SP), pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otavio Azevedo, defendeu a desoneração não apenas dos investimentos, mas de todo o "excesso" tributário. "Há setores, como os de energia e de telecomunicações, em que a tributação sobre as receitas das empresas chega a 50%. O que é um absurdo", comentou Azevedo, lembrando que, com a desoneração, o setor produtivo poderia aumentar seus investimentos, gerando mais empregos e maior riqueza, o que resultaria numa maior arrecadação de impostos.
Após criticar a infraestrutura brasileira, Azevedo afirmou que a regulamentação de setores como saneamento básico, portos, ferrovias e aeroportos é fundamental para atrair investimentos. "Nos setores já regulados, como os de telecomunicações, energia e imobiliário, é possível obter recursos no mercado de capitais. A regulação é fundamental para atrair os investidores e tornar o financiamento [de obras] possível".
Representando a construção civil, o presidente da construtora PDG Realty, Jose Antonio Grabowsky, destacou a falta de pessoal e o custo empregatício da mão de obra como entraves ao crescimento sustentável do setor. Além disso, para Grabowsky, o governo deve reduzir de forma progressiva a atual taxa de juros. "Sem os juros num nível adequado fica impossível manter o financiamento a longo prazo, o que é fundamental para o mercado imobiliário. Também seria oportuno estender para outros investidores além da pessoa física, os benefícios fiscais em investimentos em ativos de longo prazo. Isso traria um enorme volume de recursos para o setor imobiliário".
O presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, destacou a importância dos investimentos na formação e capacitação profissional e criticou o excesso de tributos. Para ele, o próximo governo terá uma oportunidade única de incluir o tema da produtividade na agenda de prioridades nacionais, o que irá exigir maiores investimentos públicos e privados. "Se o câmbio continuar com dificuldades, [com a valorização do real estimulando as importações e prejudicando os exportadores] a solução para nos mantermos competitivos será aumentando a produtividade. Para isso, será preciso investir em pesquisa e tecnologia".
Edição: Rivadavia Severo