BC não pode substituir auditorias na análise de instituições financeiras, diz Meirelles

24/11/2010 - 13h17

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou hoje (23) em audiência pública no Senado que a autoridade monetária não poderia substituir auditorias na análise de instituições financeiras.

Ele destacou que haveria um custo muito elevado para os cofres públicos se o BC assumisse a função de realizar auditorias para aprovar compra de bancos. “Não recomendo que instituições supervisoras façam esse papel”, disse.

O presidente do BC disse ainda que o processo de fiscalização do Banco PanAmericano foi conduzido dentro dos prazos, assegurando o sigilo previsto em lei. Meirelles acrescentou que o BC “começou a identificar que havia inconsistência” no meio deste ano. “Não se sabia quais bancos, nem quantos bancos. O trabalho foi de fiscalização exaustiva.” Em setembro, afirmou Meirelles, foi descoberto que o problema estava no Banco PanAmericano.

No dia 9 deste mês, o Banco PanAmericano anunciou que recebeu empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para restabelecer o pleno “equilíbrio patrimonial” da instituição, ampliar a liquidez operacional e preservar o atual nível de capitalização.

A Caixa comprou 49% do total das ações ordinárias e 36,56% de participação no capital total do Banco PanAmericano. Esse processo de aquisição iniciou-se em dezembro de 2009 e foi finalizado após a manifestação favorável do Banco Central, em julho de 2010, segundo a Caixa.

Na audiência, Meirelles disse ainda que a criação do cadastro positivo de clientes bancários poderia ter facilitado a detecção das inconsistências contábeis do PanAmericano. “O cadastro positivo poderia, sim, ter facilitado um pouco a detecção deste problema por parte dos órgãos reguladores e credores, na medida em que cada um dos credores poderia ter acesso ao que existia de crédito de outras instituições e poderia fazer essa consolidação”, afirmou Meirelles.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou que existem dois projetos em tramitação para criar o cadastro positivo. Segundo o senador, é preciso unificar os projetos.

Edição: Lílian Beraldo