Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os sindicatos de aeroviários e aeronautas realizaram hoje (23) no Rio o Dia Nacional de Luta, com manifestações nos aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim. Também estão previstas manifestações em outras capitais.
Com faixas e alto-falante, os manifestantes entraram no saguão do Aeroporto Santos Dumont para entregar panfletos e informar os passageiros e demais trabalhadores sobre suas reinvidicações. O protesto foi pacífico e não houve tumulto.
De acordo com a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, amanhã (24) haverá mais uma reunião com o sindicato patronal e se não houver contraproposta às reivindicações, entregues há 60 dias, os trabalhadores vão se retirar das negociações. Ela informou ainda que se até o dia 1º não surgir uma proposta, os aeroviários entrarão em greve.
“Estamos com 34% de crescimento nas empresas aéreas em detrimento do resto do mundo, que está com 13%, enquanto a economia brasileira cresce a 7,5%. Estamos numa briga com a Anac [Agência Nacional de Aciação Civil] para que sejam contratados mais trabalhadores nas empresas, que é o fruto de todos os problemas nos aeroportos. As empresas querem ter lucro usando pouca gente para trabalhar”, afirma Balbino.
A categoria pede reajuste de 30% para os que ganham abaixo do piso salarial e 15% para os demais, além de novos pisos para os operadores de equipamento e os agentes de check-in. Uma cesta básica, no valor de R$ 300, e a licença-maternidade de seis meses para as trabalhadoras de empresas privadas também estão na lista de reivindicações.
Os trabalhadores reclamam que nos últimos anos as cinco maiores empresas do setor cresceram rapidamente, gerando lucro, sem reparti-lo com os funcionários. Apesar do crescimento, eles alegam que o número de empregados não cresceu proporcionalmente nessas empresas, que acabam aumentando o número de funções e a jornada de trabalho.
A empresa de aviação Gol, uma das cinco maiores do país, informou em nota, que reforçará o quadro de colaboradores nos aeroportos e em sua Central de Relacionamento com o Cliente (CRC), além de manter tripulações reserva nas bases com maior fluxo de passageiros. O objetivo é assegurar a qualidade no atendimento durante período de fim de ano.
“Para casos de mudanças na programação dos voos, a companhia terá aeronaves extras posicionadas nos aeroportos com maior concentração de demanda. Com essas medidas, a empresa espera obter maior eficácia nas suas ações tanto preventivas quanto corretivas”, informou o texto.
Um funcionário público que estava no Aeroporto Santos Dumont esperando pelo embarque, José Ribamar de Lima, se solidarizou com a manifestação e acha que se o trabalhador não se organizar, dificilmente o patrão vai reconhecer o valor que ele tem.
“Os trabalhadores fazem uma função tão importante de transportar vidas, e com essa carga horária abusiva, você vê que a mão de obra ali acaba sendo explorada. E o pior é que não é uma carroça que você para no meio do caminho, um carro que se furar um pneu [você pode interrompe a viagem], agora imagine uma pessoa trabalhando ali no limite, sem condições de trabalho, salário defasado, é mais do que justo o que eles estão fazendo”, afirmou Lima
Em 2007 e 2008 também houve ameaça de greve da categoria, que acabou não se concretizando.
Edição: Graça Adjuto//A matéria foi ampliada