Eduardo Castro
Correspondente da EBC na África
Maputo – Depois de dez anos, os habitantes da Costa do Marfim votaram nesse domingo (31) para escolher seu presidente. Quatorze candidatos concorreram, e as pesquisas indicam a possibilidade de haver segundo turno. Laurent Gbagbo, atual ocupante do cargo, está à frente nas sondagens. Caso seja preciso, a segunda votação foi marcada para 28 de novembro.
Como opositores mais prováveis surgem o ex-presidente Henri Konan Bédié, derrubado por um golpe de Estado em 1999, e o ex-primeiro ministro Alassane Dramane Ouattara.
O processo foi adiado seis vezes desde 2005, quando terminaria o mandato do atual presidente. Rebeliões no Norte do país e dificuldades para recadastrar os eleitores foram alguns dos motivos apresentados. Uma guerra civil estourou em 2002, quando rebeldes no Norte tentaram derrubar o atual presidente. O golpe foi controlado apenas na parte Sul. Por conta da instabilidade, o país vive um embargo para compra de armas de fogo desde 2004.
Entidades de direitos humanos, como o Human Rights Watch, denunciaram a ocorrência de assaltos, estupros e pancadaria em cidades e estradas de Moyen Cavally e Dix-Huit Montagnes nas últimas semanas. As organizações humanitárias definem a área como o “Oeste Bravio”.
As Nações Unidas enviaram mais de 8.500 soldados para acompanhar o processo eleitoral. De acordo com o representante do secretário-geral YJ Choi, o processo foi tranquilo e 5,7 milhões de marfinenses estavam aptos a votar.
Cinco locais de votação, entretanto, precisaram ser fechados depois de atos de violência em Paris, capital francesa, onde vivem mais de um terço dos emigrantes marfinenses.
Os primeiros resultados da eleição devem ser anunciados ao longo da semana.
Independente da França há 50 anos, a Costa do Marfim é o maior produtor de cacau do mundo, o que fez a nação muito próspera. Foi um polo de atração de muitos estrangeiros no período do chamado “milagre econômico” local, vivido nas décadas de 70 e 80, quando a economia crescia a uma média anual de 7%.
Com a instabilidade, os investidores foram embora, deixando mais de 4 milhões de desempregados no país, que tem 21 milhões de habitantes. Quase 70% dependem da agricultura para sobreviver. Desde 2006, o peso da produção de petróleo e gás supera os ganhos com o cacau. O país exporta energia para vizinhos como Gana, Togo, Benin, Mali e Burkina Faso. O crescimento econômico foi de cerca de 2% em 2008 e 4% no ano passado. Mas os ganhos per capita caíram 15% desde 1999.
Edição: Graça Adjuto