Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O tempo nublado e a possibilidade de emendar o final de semana com o feriado de terça-feira (2), Dia de Finados, podem ter contribuído para o baixo número de pessoas que compareceram em seções eleitorais de três cidades do Distrito Federal, visitadas pela Agência Brasil. Nas seções em um colégio da Asa Norte, em uma escola do Guará, do Guará 2, do Sudoeste e em outra do Cruzeiro a votação é tranquila com filas pequenas.
“O que nós temos observado aqui no Cruzeiro, no Sudoeste, e na Octogonal é que um terço das pessoas votaram até a essa hora, em comparação ao primeiro turno”, disse o promotor Eleitoral Zacharias Mustafá Neto, da 11ª Zona Eleitoral do DF. Segundo ele, aí está se avaliando se a causa do baixo comparecimento é causado pelo feriadão ou pelo “friozinho que não ocorreu no primeiro turno”.
“Muitos resolveram aproveitar o feriado prolongado para viajar, o que é uma pena. Mas pelo menos aqui tivemos poucas justificativas se comparado ao primeiro turno”, afirmou Lorena Silva, supervisora do Centro de Ensino Candanguinho, que fica no Sudoeste. De acordo com ela, o fluxo aumenta no período de almoço, que vai das 11h às 13h.
Para Selma Marcelina Barbosa, responsável por um local de votação no Cruzeiro, o movimento é muito menor o do primeiro turno. Ela acredita que “muitas pessoas aproveitaram um dos últimos feriados do ano, mas se esqueceram do mais importante que é votar”.
Para a eleitora Dilma Soares de Aguiar Dupim, aposentada com 71 anos e desobrigada pela lei de votar, a razão do baixo comparecimento tem a ver com a falta de interesse político. Ela criticou inclusive os eleitores com menos de 18 anos e mais de 16 anos que também têm o voto facultativo. “Acho que os jovens são muito desligados dos problemas do país. Os pais precisam discutir mais com os filhos sobre isso. Essa responsabilidade infelizmente a maioria não tem”, lamentou quando saia do local de votação no Guará 2.
O casal de aposentados Jade e Edmundo Fix, de 65 e 67 anos respectivamente, saíram de casa mais cedo que no primeiro turno para votar no Centro Educacional 3, uma das seções eleitorais do Guará. “Da outra vez a gente veio depois das 9h e a minha seção estava cheia, mas hoje quase não tem fila por aqui. Acho que não fiquei nem trinta segundos na cabine”, acrescenta Jade. Ela afirmou ainda que não se preocupou em avaliar melhor as propostas durante o mês. “Para mim não fez diferença porque já tinha o candidato da minha preferência e ele foi pro segundo turno”, completa.
A piauiense Alice Gomes da Silva, de 82 anos, também optou por votar antes das 9h, no mesmo local. A aposentada mora em Brasília há 30 anos e já justificou o voto uma vez, mas prefere comparecer às urnas, mesmo não sendo obrigada. “É um ato de cidadania e um exemplo passado pelos nossos pais e que a gente tem que deixar para os filhos e netos. Eu sempre faço um esforço pra vir."
Para outra eleitora aposentada, Araci dos Santos, com 88 anos, é uma questão de patriotismo. “É bom votar e [estando] com saúde não custa nada estar aqui. É uma força que a gente dá para o nosso país”, disse após sair da missa para votar no Cruzeiro Velho.
A eleitora Sônia Virgínia Inácio da Silva, de 42 anos, driblou os problemas de saúde e fez questão de votar. Ela que sofre de esclerose múltipla e teve que ser ajudada para chegar à urna, numa seção eleitoral também no Cruzeiro Velho. “É minha obrigação de brasileira”, falou com dificuldade à reportagem. Segundo a irmã, Selma Virgínia Gonzaga da Silva, Sônia conseguiu na Justiça uma liminar que permite que seja ajudada a votar. “Tenho muito orgulho dela”, disse a irmã.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Brasília tem tempo nublado com temperatura de 23 graus Célsius (ºC) e poderá ter pancadas de chuva. No primeiro turno, 283 mil eleitores do DF deixaram de votar (15% do eleitorado), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Edição: Talita Cavalcante//A matéria foi ampliada e tíulo, atualizado
