Distância das sessões eleitorais atrapalha o eleitor que vive no exterior

26/10/2010 - 15h46

Eduardo Castro
Correspondente da EBC para a África

Maputo (Moçambique) – Como no primeiro turno, milhares de brasileiros que vivem no exterior preparam-se para votar e centenas para auxiliar no segundo turno das eleições presidenciais, no próximo dia 31. “Como o processo é o mesmo, é mais fácil: instalação das urnas no sábado, trabalho no domingo”, disse Irene de Souza, que preside a mesa eleitoral em Maputo, capital moçambicana.

Mas ela crê que o trabalho será maior dessa vez. “Espero por uma maior procura”. Irene de Souza lembra que, no primeiro turno, a segunda-feira imediatamente posterior foi feriado prolongado em Moçambique (Dia da Paz, que marca o fim da guerra civil em 1992). Além disso, acredita, o segundo turno chama mais atenção. “É mais decisivo. A gente sente que faz mais diferença quando se diminui o escopo da escolha”.

Mais da metade dos brasileiros aptos a votar abstiveram-se no primeiro turno. De 200.043 inscritos em seções eleitorais do exterior, 88.977 compareceram e 111.066 não votaram. Em países de grande extensão territorial – caso de Moçambique - a distância pode ser um grande obstáculo para o eleitor. Mesas eleitorais só são abertas onde há uma concentração mínima de inscritos. Quem mora longe de Maputo e realmente quiser votar, precisará viajar à capital.

O país tem 463 eleitores brasileiros cadastrados, segundo maior contingente na África, atrás apenas da África do Sul, com 476. No primeiro turno, 251 não votaram. Muitos moram no interior, em missões religiosas ou em grandes projetos, como a mina de carvão da Vale, que está sendo montada pela também brasileira Odebrecht na província de Tete, a mais de 1,5 mil quilômetros de Maputo. A capital moçambicana é uma das 126 cidades fora do Brasil onde serão instaladas as 94 sessões de votação para residentes no exterior.

O eleitor que não votou no primeiro turno pode votar normalmente no segundo. Já quem não votar no domingo, ou não tiver votado no dia 3 de outubro, precisa justificar a ausência à Justiça Eleitoral. Deve procurar as representações diplomáticas brasileiras ou, no caso de quem não transferiu o título para o exterior, ir ao cartório eleitoral ao voltar para o Brasil.

Edição: Vinicius Doria