Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, evitou hoje (21) condenar a atitude do bispo de Guarulhos, dom Luiz Gonzaga Bergonzini, de mandar imprimir panfletos contra a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Dom Geraldo considerou que a ação do bispo está “dentro da normalidade”, apesar de a CNBB ter a orientação de não indicar voto em nenhum candidato ou partido.
Dom Geraldo explicou que em cada diocese o bispo tem autonomia para conduzir seus fiéis da maneira que achar conveniente e que a CNBB não tem como puni-lo. “A Igreja se estrutura a partir das dioceses e essas se estruturam em torno de um pastor. Acima do bispo só existe uma autoridade, o papa”, disse. “A CNBB é uma articulação de bispos. Não é uma instância colocada acima dos bispos.”
“Ele [bispo de Guarulhos] tem o direito e até o dever de, de acordo com sua consciência, orientar seus fiéis do modo que julga mais eficaz e mais conveniente. Ele está no exercício de seus direitos como bispo diocesano de Guarulhos e cada instância fala só para o âmbito de sua competência, tanto que ele não se dirigiu à nação brasileira. Esse procedimento está absolutamente dentro da normalidade no modo como as coisas da Igreja se encaminham”, afirmou o presidente da CNBB.
Dom Geraldo afirmou, no entanto, que a CNBB é quem responde pela Igreja católica no plano nacional e que a orientação é não indicar candidatos ou partidos. “A CNBB não aponta candidatos nem partido, ela indica critérios para que o cidadão cristão possa exercer o voto.”
No final da semana passada, a Polícia Federal apreendeu, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), panfletos que pediam aos eleitores não votarem em “candidato ou candidata de partidos contrários à descriminalização do aborto”. A publicação indicava ainda que o PT, se declarou favorável à descriminalização do aborto em seus congressos em 2007 e 2010. A decisão de mandar apreender os folhetos foi em resposta a uma representação apresentada á Justiça Eleitoral pelo PT.
A nota fiscal indicava o pedido de 100 mil exemplares do folheto encomendados pela Mitra Diocesana de Guarulhos. O serviço custou à diocese R$ 3 mil. Os proprietários da gráfica também informaram que mais 2 milhões de panfletos haviam sido pedidos pela Diocese de Guarulhos, mas não foram entregues.
Ontem, a Diocese de Guarulhos pediu ao TSE a revogação da liminar que determinou a apreensão do panfleto e a extinção de processo movido pela campanha de Dilma contra a gráfica. O TSE ainda não julgou o pedido apresentado pela diocese.
Edição: João Carlos Rodrigues