Depois de mais de 20 horas de trabalho, 31 mineiros já foram resgatados

13/10/2010 - 17h28

Renata Giraldi
Repórter de Agência Brasil

Brasília – Em mais de 20 horas de resgate na Mina San José, no Deserto de Atacama, no Chile, 31 trabalhadores já deixaram o abrigo onde permaneceram durante 70 dias, a 700 metros de profundidade. Emoção, alegria e fé marcam a chegada de cada trabalhador à superfície. Não houve registro de incidentes nem surpresas. As autoridades confirmam que o resgate pode ser concluído na noite de hoje (13).

Não existem dados oficiais sobre o custo total da operação, mas há informações de que o governo chileno gastou cerca de US$ 22 milhões. O esquema de resgate foi cuidadosamente estudado por autoridades chilenas, norte-americanas e mexicanas.

O objetivo era garantir segurança absoluta e risco zero. Vários testes foram feitos até o momento exato em que começou a operação. Os 33 trabalhadores usam um macacão especial, capaz de manter a temperatura do corpo e protegê-los dos percalços até a superfície, e óculos escuros.

O primeiro a ser retirado do abrigo foi Florencio Avalos, de 31 anos. Emocionado, Avalos abraçou a mulher e o presidente do Chile, Sebastián Piñera, e depois cumprimentou os resgatistas e as autoridades.  Mas quem roubou a cena foi Mario Sepúlveda, de 39 anos. Apontado como líder do grupo, ele chegou à superfície com bom  humor e animação contagiantes.

Sepúlveda deixou a cápsula de resgate aos pulos, puxou o grito de guerra chileno: “Chi Chi Le Le, Chile” e, só depois abraçou a mulher, o filho de 9 anos,  e as autoridades. O mineiro distribuiu pedras que retirou do abrigo como “presentes” .

Inicialmente, foram resgatados os trabalhadores em melhores condições físicas e de saúde. Segundo as autoridades, a decisão foi tomada porque, se houvesse algum problema, não seria possível afirmar se era do trabalhador ou do esquema montado para o resgate. Decidiu-se resgatar por último os trabalhadores que tivessem apresentado algum tipo de problema ao longo dos últimos dois meses: hipertensão, diabetes ou alteração de humor.

Ao serem resgatados, os mineiros têm alguns minutos para cumprimentar os parentes e depois são transportados, em uma maca, para o hospital de campanha. Em seguida, são levados para um hospital em Copiapó. A ideia é mantê-los sob observação médica por alguns dias para só depois liberá-los.

Muitos dos mineiros resgatados afirmaram que não pretendem mais trabalhar em minas. O boliviano Carlos Mamani, apesar de ter recebido o convite do presidente da Bolívia, Evo Morales, para retornar ao país, informou que prefere ficar no Chile.

Atualizada às 21h13

Edição: Nádia Franco