Luiz Antônio Alves
Correspondente da Agência Brasil na Argentina
Buenos Aires - Integrante de uma coalizão de partidos que originou a Frente Ampla para a Vitória, a senadora argentina Elena Corregido espera que o novo governo brasileiro que será eleito hoje (3) dê continuidade à política de aproximação mantida pelos atuais presidentes do Brasil e da Argentina e que resultou na excelente relação entre os dois países.
De acordo com a senadora, que falou com exclusividade à Agência Brasil, o trabalho desenvolvido pelos presidentes não apenas manteve a tradicional amizade entre seus países, mas também estreitou os vínculos com as demais nações latino-americanas, resguardando a democracia no continente.
A senadora Corregido acredita que o ponto mais importante na relação entre o Brasil e a Argentina é o político, mais até do que o econômico. "O político está acima do econômico", disse, "porque a economia também depende da política. Os presidentes do Brasil e da Argentina, e também dos demais países latino-americanos, colocaram o tema político no centro da cena de todas as discussões ligadas ao desenvolvimento das relações bilaterais e multilaterais de cada país".
Elena Corregido afirmou que as boas relações políticas no continente permitiram, por exemplo, a assinatura do Código Aduaneiro do Mercosul. O código foi aprovado no dia 3 de agosto deste ano durante a cúpula do bloco regional realizada na cidade argentina de San Juan.
Até então, as mercadoria originárias de fora do Mercosul pagavam a Tarifa Externa Única (TEC) para entrar em qualquer um dos quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e pagavam novamente a mesma tarifa se fossem reexportadas dentro do bloco. Com o acordo aduaneiro, os encargos serão pagos uma única vez e, depois disso, poderão circular livremente pelos países associados ao Mercosul.
De acordo com a senadora argentina, este é um bom caminho na integração política entre o Brasil, a Argentina e os demais países do continente. Ela também ressaltou outro aspecto nesse processo. "Observei este ano, nos festejos do bicentenário da Argentina, em Buenos Aires, que a cidadania latino-americana demonstrou grande afeto por nosso país. Aqui estiveram pessoas de vários países do continente e a verdade é que elas não apenas demonstraram esse afeto, mas também o receberam de volta de uma forma que há muito não se via. Creio que esse é outro resultado do trabalho desses presidentes que abriram uma janela para que todos nos reconheçamos como latino-americanos".
Elena Corregido disse ainda que durante muitos anos a Argentina olhou para a Europa, mas hoje está se dando conta de que integra a América do Sul e também a América Latina indígena. "Creio", disse a senadora, "que é importante fortalecermos esses vínculos que, passo a passo, permitirão ainda mais essa integração entre os países. Creio também que precisamos compartilhar as riquezas da região. Temos de conseguir uma América Latina mais equitativa. Os países mais desenvolvidos devem contribuir para isso, evitando os bolsões de pobreza que ainda existem no continente. Não merecemos isso. Precisamos de justiça social".
Edição: Graça Adjuto