Estados Unidos impõem novas sanções ao Irã, desta vez por violação de direitos humanos

29/09/2010 - 15h07

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou hoje (29) uma ordem que amplia as sanções ao Irã por violação de direitos humanos, como espancamentos, maus-tratos e assassinatos de inocentes. A determinação relaciona diretamente oito pessoas que ocupam cargos de comando no Irã, que, para as autoridades norte-americanas, são cúmplices de transgressão aos direitos humanos.

As informações foram divulgadas hoje pelo Departamento de Estado norte-americano. Pela ordem de Obama, as oito autoridades mencionadas na portaria terão bens e investimentos bloqueados, caso estejam em território norte-americano. Também foi determinada a proibição de transações financeiras e comerciais com os oito iranianos. Há, ainda, o risco de terem vistos cancelados e a entrada nos Estados Unidos impedida.

A relação apresentada hoje pelo governo dos Estados Unidos inclui o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Mohammad Ali Jafari; o ministro da Previdência e Segurança do Irã, Sadeq Mahsouli; o ex-ministro do Interior Qolam-Hossein Mohseni-Ejei; o procurador-geral do Irã e ex-ministro da Inteligência, Saeed Mortazavi; e o ex-procurador-geral de Teerã Heydar Moslehi.

A lista, divulgada pelo Departamento de Estado norte-americano, inclui ainda o ministro de Inteligência, Mostafa Mohammad Najjar; o ministro do Interior e ex-vice-comandante das Forças Armadas para a Aplicação da Lei, Ahmad Reza Radan; e o vice-chefe da Polícia Nacional do Irã e vice-comandante da Guarda Revolucionária de Inteligência, Hossein Taeb.

As medidas foram tomadas com base em uma série de denúncias de abusos e violação de direitos humanos envolvendo as oito autoridades. Ali Jafari é acusado de ordenar espancamentos, assassinatos e prisões arbitrárias e detenções de manifestantes pacíficos, nas eleições de 2009.

Mahsouli, segundo as autoridades norte-americanas, comandou uma ação, em junho de 2009, que levou ao espancamento e maus-tratos de dezenas de estudantes. Mohseni-Ejei é suspeito de promover interrogatórios em que os réus eram forçados a fazer falsas confissões sob ameaça de tortura, abusos e chantagens.

Mortazavi é acusado de autorizar ações envolvendo torturas e maus-tratos, provocando mortes, no período eleitoral de 2009; e Moslehi, de manter práticas de prisões arbitrárias e perseguições a dissidentes e manifestantes. Há ainda suspeitas de abusos sexuais e até de pressão psicológica.

Najjar é acusado de ter participado de uma ação que levou a 37 mortes e a centenas de prisões, enquanto estava no comando adjunto das Forças Armadas e Forças de Polícia. Radan, que integrou a Polícia Nacional, é suspeito de autorizar espancamentos, assassinatos e prisões arbitrárias contra manifestantes. Taeb também é acusado de participar de espancamentos, assassinatos, e de prisões arbitrárias de ativistas.

Desde junho, o Irã está sob sanções impostas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e unilateralmente por vários países, como os Estados Unidos, a Austrália, o Japão, o Canadá, além da União Europeia. As medidas foram aprovadas porque a comunidade internacional suspeita que o programa nuclear desenvolvido pelos iranianos esconda a produção de armas atômicas.

Edição: Juliana Andrade