Paulo Virgílio
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – “Não há cidadania sem memória. E não há memória sem arte”. A frase, do físico Maurice Bazin, um dos fundadores do Espaço Ciência Viva, no Rio de Janeiro, falecido em outubro do ano passado, serve como lema do simpósio Ciência e Arte 2010: Dez Anos de Ciência e Arte nos 110 Anos da Fiocruz.
O evento, aberto hoje (20) no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, zona norte do Rio, reúne até a próxima quinta-feira (23) cientistas, artistas, profissionais de saúde, divulgadores da ciência e educadores num objetivo comum: debater a integração entre os dois campos do conhecimento.
De acordo com a cientista e jornalista Luiza Massarani, chefe do Museu da Vida da Fiocruz e uma das organizadoras do simpósio, “ciência e arte nutrem-se do mesmo húmus, a curiosidade humana, a criatividade e o desejo de experimentar”. Segundo ela, “o fazer artístico e o científico constituem duas faces da ação e do pensamento humano, complementares, mas mediadas por tensões e descompassos, que podem gerar o novo”.
Três exposições que integram a programação do Ciencia e Arte 2010 exemplificam essa visão. A primeira delas, no castelo em estilo neomourisco que sedia a Fiocruz, reúne 33 obras, entre pinturas, esculturas e desenhos, do acervo artístico da fundação. O conjunto abrange desde retratos e bustos de cientistas e personalidades ligadas à saúde a obras de todos os movimentos artísticos dos últimos 100 anos no Brasil.
A curadora da exposição, Gisela Catel, lembra o compromisso que a Fiocruz sempre teve com a arte. Além do castelo, considerado uma joia arquitetônica da cidade do Rio de Janeiro, há os painéis de azulejos de Burle Marx, no prédio do instituto, e de Glauco Rodrigues, na entrada da Avenida Brasil.
As outras duas mostras, no Museu da Vida, abordam a importância do microscópio para a ciência e as perspectivas que esse instrumento abriu, inclusive para a arte. São elas Mundo Invisível: uma História da Microscopia e Micrographia: Admirável Mundo Novo. Essa última homenageia livro de 1665, de autoria do cientista inglês Robert Hooke, a primeira publicação do mundo a mostrar as imagens feitas por um microscópio. “Chamamos a exposição de Admirável Mundo Novo porque, para a época, essas imagens eram quase uma ficção científica”, afirma Luiza Massarani, ao explicar o título da mostra, uma referência a um famoso romance do escritor inglês Aldous Huxley.
Na abertura do simpósio, hoje, um dos palestrantes foi o matemático e cientista da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) João Cândido Portinari, coordenador do Projeto Portinari, que cuida da preservação da obra de seu pai, o pintor Cândido Portinari.
Edição: Lana Cristina