Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, não descartou hoje (11) a possibilidade de o Brasil voltar a discutir com o Irã a questão nuclear, depois do jejum do mês do Ramadã, que começou hoje (11).
"O Irã tem dito que quer voltar a negociar", disse Amorim à imprensa, ao lembrar que há três semanas esteve em Istambul, com o ministro da Turquia e do Irã, quando foram discutidos aspectos "que permitem essa retomada".
"Primeiro, essas conversas, naturalmente, não são definitivas e, segundo, evidentemente, pela sua própria natureza, são sigilosas", completou, ao declarar que a participação do Brasil é vista com bons olhos pelo governo do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e por países ocidentais.
Durante aula inaugural na Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio), o ministro fez um balanço das negociações que culminaram no acordo de transferência de urânio levemente enriquecido do Irã para a Turquia, mas que não foi aceito pela comunidade internacional.
Amorim justificou a participação do Brasil na questão alegando que o país está engajado em favor da paz e que o programa nuclear iraniano é "potencialmente uma das maiores ameaças" ao mundo, nos dias atuais.
Para uma plateia de estudantes e professores, o chanceler explicou que o acordo seguia as bases da proposta anterior feita pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), apresentada ao país persa pelo Grupo de Viena (Estados Unidos, Rússia e França).
"Tivemos elementos para crer que nós detínhamos uma boa base", afirmou o ministro ao citar que ex-diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei, Nobel da Paz em 2005, declarou em entrevista à imprensa brasileira a satisfação com o acordo de troca de combustível nuclear.
No entanto, Amorim avaliou que os mesmos países que apoiaram o Brasil a começar as negociações não apostavam no sucesso da iniciativa.
Edição: Rivadavia Severo